CAPÍTULO VINTE E CINCO

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ATENÇÃO: O CAPÍTULO A SEGUIR CONTÉM GATILHOS, A CONTINUIDADE DA LEITURA Ê DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO LEITOR.


Confusa com a situação atual, fico no chão esperando que aqueles minutos de pesadelo terminassem. A luz de emergência ligou, mas ainda assim estava piscando como se o fio que a conectava estivesse com mau contato. Christopher permanecia agarrado à barra e o pouco que consegui olhar em seu rosto, pude notar uma feição de pavor. Luna continuava a choramingar, inquieta com o balançar do elevador e quando eu pensei que estava acabando eu vi a morte dançar perto da gente. Ouvi as cordas de aço rangerem e então o elevador despencou alguns metros, parando logo em seguida, eu gritei, Christopher gritou e eu pensei que Luna iria cair durinha ali mesmo, mas a queda não foi tão longa a ponto de nos machucarmos.

Os tremores pararam e demorou um pouco para o elevador parar de sacudir. Christopher me estendeu a mão para me ajudar a levantar e eu me apoiei nela.

— Se machucou?

— Ai, ai, ai, meu pé! — Choraminguei sentindo uma dor no tornozelo esquerdo, eu não conseguia ficar de pé porque provavelmente tinha torcido quando caí.

— O que foi?

— Acho que torci meu pé.

— Tudo bem, fica sentada.

Ele me ajudou a voltar para o chão e depois tentou acalmar Luna, lhe acariciando a cabeça, mas ela estava acuada, assustada e ficou deitada no cantinho do elevador, com medo que aquilo voltasse a acontecer. Vi Christopher ir até o painel e começar a apertar o botão emergencial, mas não houve nenhum barulho ou resposta, aquilo havia desativado. Ele pegou o celular, mas não durou muito tempo com ele na mão.

— Sem sinal, que ótimo!

— Deixa eu checar o meu.

Também o fiz, mas nem mesmo a chamada de emergência estava funcionando. Estávamos presos ali, num elevador que quase despencou, com uma lâmpada que não decidia se parava ligada ou desligada e sem conseguir contatar ninguém de fora e para ajudar a situação, tinha certeza de que o prédio tinha sido evacuado. Todo o ano passávamos por terremotos, mas eu não me lembrava de algum tão forte como esse.

— O que vamos fazer? Não deve ter ninguém por perto, e acho que a câmera também não está funcionando, não vão nos ver aqui.

— Só nos resta esperar. — Disse ele pacientemente se sentando ao lado de Luna que se aconchegou ao lado dele a fim de se proteger.

Dobrei minha perna esquerda e comecei a massagear meu tornozelo machucado, vi que o meu salto estava torto e por pouco não quebrou. Lembrei-me então que deveria estar a caminho da entrevista e então a frustração bateu, por que quando eu finalmente estava sentindo que daria certo as placas tectônicas resolveram sacudir? Além do mais, Diego estava na creche e eu queria sair correndo dali para verificar se estava tudo bem com ele, poder dizer a ele que aquilo já passou e que estaria tudo bem.

Encostei minha cabeça na parede e fechei meus olhos, sem conseguir conter a lágrima, senti meu rosto se molhar. Frustrada, irritada e com uma sensação horrível.

— O que foi?

— Estou preocupada com o Diego.

— Ele está bem, não precisa chorar. — Sacudi meus ombros sem me importar. — Escolas e creches são treinadas para momentos como esse.

— Ele deve estar com medo, eu deveria estar lá para protegê-lo.

— Dulce, melhor lá com outras crianças que preso aqui com a gente, não acha?

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora