CAPÍTULO QUATORZE

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Um barulho longíncuo me despertou, fazendo eu me sentar assustada na cama. Uma dor forte como se algo pressionasse a minha cabeça me fez querer chorar e enquanto eu esfregava os olhos, tentava me lembrar exatamente o que tinha acontecido antes de ir dormir. Estava tudo meio confuso na minha mente e eu não conseguia recordar como tinha ido parar na cama. Alguns lapsos de memória me faziam lembrar que eu tinha visto Christopher e até mesmo de cair de cara em alguma coisa dura, o que me fez de imediato levar a mão na testa e poder sentir o volume que crescera ali. Lembrei-me que havia bebido, talvez muito mais do que eu realmente pensava que tinha e então eu saltei para fora da cama no memso instante, preocupada com as horas, imaginando que àquela altura, Diego estava acordado e provavelmente faminto.

Abrir a porta do meu quarto, que até então estava escurecido pelas cortinas, não foi lá a melhor escolha. A claridade fora dele invadiu minhas vistas de uma maneira tão forte que eu quis gritar e chorar pela dor que eu senti.

— Ai, que droga!

Com os olhos fechados tateei a parede, na direção que eu sabia que ficava a do quarto de Diego, mas quando cheguei lá, ele não estava no berço e pelo incrível que pareça, o seu quarto estava completamente arrumado, como se eu não tivesse deixado uma zona na noite anterior.

— Diego? — Chamei por ele enquanto esfregava meus olhos, como aquilo doía e eu só conseguia brigar comigo mentalmente por ter bebido.

— Dul? A gente tá na sala.

Era a voz de Christopher. Por um momento eu senti um alívio, sabendo que ele estava ali e que enquanto eu perecia na cama, ele cuidava de Diego, fazendo todo o trabalho que eu não fui capaz de fazer.

Soltei um suspiro, sentindo-me envergonhada pela situação e fui até lá. Pensei que Christopher teria deixado ele a manhã inteira na frente da TV, mas pelo contrário, ambos pareciam estar se divertindo com as tintas de Diego. Em dias normais eu teria uns cinquenta surtos diferentes, vendo-os brincar ali, na minha mesa de centro e sobre meu carpete, mas eu só consegui achar fofo, levando em consideração que Christopher tinha o rosto todo sujo de tinta, provavelmente arte feita por Diego, enquanto Diego tinha algumas linhas em seu rosto, imitando uma teia de aranha.

— Oi, como você está? — Perguntou Christopher, ao me ver ali. — Pela sua cara, acho que a ressaca está pesada.

— Eu fiz muita merda?

— Não muita, você dormiu logo depois de tomar banho.

— Droga, me desculpa, eu estou muito envergonhada.

— Vem aqui, está com fome? Vou preparar alguma coisa para você comer.

— Você já fez demais, Chris, não precisa se preocupar.

Me aproximei dos dois, ou mais precisamente de Diego e me abaixei à sua frente. — Oi meu amor, como você está?

— Tio fez omalanha no Di, mamãe.

— É, meu amor? Que legal! Ficou lindo, e o que você fez no rosto dele? Hum?

— Capitão amélica.

— Ficou muito bom, meu amor. — Eu estendi meus braços e então ele mesmo abraçou, sem que eu precisasse pedir. — A mamãe te ama, viu?

— Pintar a mamãe.

— A mamãe tá muito bem com esse galo na testa, não preciso de mais nada.

— A mamãe é um unicórnio, Di. — Christopher falou, senti um tom de debocha no tom de sua voz, e eu até acharia graça se não tivesse ainda constrangida pelo que houve.

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora