CAPÍTULO TRÊS

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Uma tarde tranquila, deitada na minha cama ao lado de Diego enquanto as janelas abertas permitiam o ar fresco correr pelo apartamento me fez pegar no sono. Eu gostava de tirar sonecas com ele no final de semana na minha cama, mesmo tendo um apartamento para arrumar. Diego era tudo que eu tinha e eu era tudo que ele tinha também, então ele era a minha prioridade em tudo. Eu queria que ele visse que eu era presente na vida dele e que sentisse quo amor que eu senti apor ele fosse bem além de palavras.

Foi ele quem me acordou, subindo em minha cabeça e se sentando ali tempos depois. — Diego... — Resmunguei e ele deu uma risadinha gostosa.

— Diego com fome.

— Mamãe com sono. — Virei o rosto para baixo e ele ficou ali fazendo minha cabeça de trampolim.

— Nana mamãe.

— Não sei se temos banana, mas se você deixar a mamãe dormir mais um pouquinho, prometo que se não tiver, a gente vai no mercado comprar.

— Não.

— Não? Como ousa dizer não para mim? — Eu o joguei no colchão e me ajoelhei na cama, começando a fazer cócegas nele, que gritava e se contorcia enquanto ria. Aquela risada me fazia gargalhar junto com ele e eu apenas parei porque ele já tinha rido suficiente para ficar sem ar. — Se continuar falando não pra mamãe, eu irei te torturar com cócegas, ok?

— Não. — Ele insistiu, fazendo uma carinha sapeca.

Por alguns milésimos de segundos ele me olhou, mas logo desviou seu olhar para outra direção. Soltei um suspiro frustrada e desci da cama. — Vem, vamos comer alguma coisa. Que horas devem ser agora?

Peguei meu celular na mesa de apoio ao lado da minha came e então me assustei com as horas. A reunião de condomínio a qual eu deveria estar presente, já tinha começado há quinze minutos, então, na pressa, eu troquei a fralda de Diego, arrumei meu cabelo que estava bagunçado, coloquei ele no carrinho, peguei a última banana que eu tinha na casa e deixei ele comendo, enquanto descia para o salão de festas.

No momento que cheguei no salão, dona Márcia, a síndica, falava sobre o mais novo morador do prédio. Ela até que era uma boa síndica, sempre dava um jeito de apresentar quem chegava para fazê-los se sentir mais confortáveis na vizinhança e ela com certeza fez o mesmo comigo quando me mudei há pouco mais que um ano.

Antes de ter Diego, eu morava em um apartamento ainda menor e com condições precárias, já que eu não tinha nada além do dinheiro que eu recebia nos bicos que eu fazia, limpando casas de outras pessoas, mas depois de ter dado a luz e ter decidido definitivamente que eu não poderia abrir mão dele, eu precisei ir mais além do que eu pensava que aguentaria. Consegui uma ajuda do governo inicialmente e graças a Deus, muitas doações para ele antes mesmo de sair do hospital, mas logo fui atrás de emprego. Comecei como balconista em uma loja e depois consegui a vaga do meu último emprego.

O local mais próximo para eu me sentar, foi justamente atrás de Christopher e do senhor Juan, que como toda reunião, não parava de resmungar. Aquele velho, que morava no apartamento embaixo do meu, era rabugento ao extremo. Pena eu tive de Christopher pela má sorte de se sentar ao lado dele.

Eu não precisava prestar atenção em tudo que se falava na reunião, até porque, a maioria das pautas eram repetitivas. Respeito para com os demais moradores, aumento do valor da taxa de condomínio que sempre dava motivo para pelo menos uns vinte minutos de debates e muitos outros assuntos que no final não prendiam o meu interesse, mas que eu precisava estar presente, afinal, se algum dia eu abrisse minha boca para reclamar de algo, não poderiam dizer que nunca participei das reuniões.

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora