CAPÍTULO TRINTA E UM

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POV Christopher

Fechei meus olhos e me permiti relaxar por alguns minutos, mas somente depois da garantia que Diego estivesse bem e seguro ali comigo. Eu queria muito poder ir ver Dulce, saber mais notícias dela, ter a certeza de que ela estivesse no mínimo respirando, mas eu ainda precisava esperar até que conseguissem essa informação para mim.

Foi com um toque no ombro que eu voltei à realidade, confuso se havia realmente pegado no sono ou se estava apenas de olhos fechados e então a imagem de Anahí se formou à minha frente. A alguns metros dela, encontrava-se o médico, e nenhum dos dois com a cara muito boa. Por um instante senti meu coração parar e me preparei para receber a pior notícia que alguém gostaria de receber.

— Por favor, não me digam que ela morreu. — Engoli a seco, logo em seguida senti meus olhos me traírem.

— Não, ela está vida, Christopher. — Annie acariciou meus ombros. Eu quis me sentir aliviado por não a ter perdido, mas ao mesmo tempo tinha medo de entender o motivo de suas afeições.

— A senhorita Espinosa acordou faz algum tempo.

— Que horas são? — Olhei na direção da janela, provavelmente tinha dormido bem mais do que eu pensava. O céu estava escuro e as luzes da cidade junto com a poluição o deixavam num tom alaranjado.

— Já é de noite.

— Eu posso vê-la? Como ela está?

— A batida da cabeça foi muito forte, ela perdeu muito sangue e passou por uma cirurgia complicada. Infelizmente houve uma alteração cerebral e não conseguimos detectar por exames.

— O que quer dizer com isso?

— Ele quer dizer que a Dulce não está se lembrando de nada.

Eu congelei naquele instante. Dulce havia perdido a memória? Era isso mesmo? Depois de tudo, quando ela finalmente conseguiu criar forças para lutar, ela se esqueceu de tudo? Como ela iria resolver tudo se não se lembrava de nada? E como Diego ficaria nessa história?

— Ainda não sabemos se pode ser um quadro reversível ou se será permanente.

Não respondi no primeiro instante, porque naquele momento eu só conseguia me sentir a pessoa mais inútil do mundo. Dulce perdendo a memória era uma coisa que não poderia acontecer, a começar pelo fato de que ela tinha um filho que ela queria manter longe da família, e sem se lembrar de nada, eu não poderia provar sozinho nada do que havia acontecido.

— Façam mais exames, ela não pode perder a memória! — Minha voz se alterou, eu estava começando a entrar em desespero. A possibilidade de ela ser levada para a casa dos pais e passar por tudo de novo me assombrava e eu estava disposto a acabar com a vida dele se isso acontecesse. O pai dela não podia chegar perto dela, muito menos se ela não se lembrava de nada, e se ele sonhasse com a possibilidade de Diego ser filho biológico dele, eu tinha medo do que ele poderia ser capaz.

— Eu quero vê-la. Eu... eu preciso vê-la. — Levantei-me, disposto a procurar por ela quarto por quarto se fosse necessário, mas Annie logo me impediu.

— Se acalme, tá bom? A primeira coisa a fazermos, é pensar com cuidado no que vamos fazer.

— Ela não reconheceu os próprios pais e ficou alterada por causa disso. Tiveram que sedá-la porque ela estava muito agitada e não pode se mexer por causa da queda. Quando ela acordar novamente, se tiver mais calma, você poderá vê-la.

— Vocês não entendem, né? Se ela não se lembrar de nada, ela vai voltar para os braços daquele monstro e vai passar por tudo o que passou de novo.

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora