CAPÍTULO VINTE E OITO

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O dia estava chuvoso e um tanto frio, então eu não hesitei antes de me encolher embaixo do cobertor naquele sofá enorme. No chão da sala eu via Christopher tentar montar um quebra-cabeças com Diego que não parecia ter a menor paciência em conseguir fazer aquelas peças se encaixarem, ainda que elas fossem todas maiores que suas mãos, mas Christopher, ao contrário de mim, tinha paciência para lhe explicar de novo e de novo.

Encostei minha cabeça no encosto e fechei meus olhos por um instante, permitindo-me ouvi-los conversar entre si. Diego, com suas palavras emboladas, tentava contradizer Christopher que o ouvia atentamente antes de lhe explicar da maneira correta.

— Você é teimoso, hein?

Temoso não, papai.

— Saiu bem a sua mãe.

— Vai se ferrar, Uckermann!

— Viu?

— Eu estou com fome.  — Disse com uma voz fraca.

Ainda que eu quisesse me levantar e cozinhar, meu pé ainda não estava totalmente recuperado para que eu pudesse caminhar sobre ele. O inchaço tinha diminuído consideravelmente, mas a dor toda vez que eu o apoiava sem querer em algum lugar me fazia querer gritar.

— O que você quer comer? Posso ir comprar ou pedir pelo aplicativo.

— Queria os tacos lá de perto de onde a gente mora.

— Um pouquinho longe, não?

— Eu sei.  — Fiz um biquinho.

— Vou ver se tem algum aqui por perto, tá?

— Tá bom.

Tínhamos chegado naquele apartamento alugado por Christopher no dia anterior e fora algumas besteiras que Christopher havia comprado no mercado, não tinha nada para comer. Me dava tremedeira pensar em toda a comida que ficou no apartamento e não podia ir lá pegar até segunda ordem, isso sem contar todas as minhas coisas.

Alcancei meu celular na mesa de centro e comecei a mexer nas minhas redes sociais enquanto Christopher trabalhava na sua tarefa de encontrar comida pra gente. Entrei no Instagram, coisa que eu não fazia há alguns dias e então me deparei com algumas solicitações de seguidores, coisa completamente incomum para mim, uma completa anônima na internet que não tinha nem o nome correto no perfil. A primeira era de Anahí, que, apesar de hesitar, acabei aceitando. As demais era dos outros amigos de Christopher, mas não aceitei porque, apesar de já tê-los visto, não os conhecia o suficiente para aceitá-los ali e por último, com a maior cara de pau, estava ninguém menos que a menina que eu vi sair do apartamento de Christopher no outro dia.

— Chris?

— Oi?

— Qual o nome daquela menina que você pegou mesmo?

— Por que quer saber disso?

— É Bakuza?

— Natália, mas chamam ela de Bakuza sim, por quê?

— Porque ela está solicitando pra me seguir. Como foi que ela me achou?

Christopher tirou os olhos de seu celular e os direcionou a mim.  — Eu não faço a menor ideia. Recusa ela.

— Ela tem bastante foto com você no perfil dela, né?

— Dulce...

— Só estou comentando. Ela sabe de mim? Quer dizer, deve saber né, pra ela ter procurado até me achar, com certeza sabe.

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora