CAPÍTULO VINTE E SEIS

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Arrumei meu pé em cima da almofada e voltei minha atenção a Diego. Estávamos naquela casa há pouco mais que duas horas e ele estava se sentindo completamente em casa, mexendo em tudo que podia na intenção de matar a sua curiosidade. Alexandra e Victor eram os pais de Christopher, ambos nos receberam com todo carinho do mundo e foi ela quem foi logo me guiando para o sofá para que eu pudesse colocar meu pé inchado para cima. Tanto Alexandra quanto Vitor a primeiro instante, pareceram encantados com Diego, eu vi no olhar dos dois o mesmo olhar que eu vi em Christopher quando ele nos conheceu e apesar da minha situação psicológica, eu senti que eles realmente gostaram do menino. Ambos pareciam alegres e tinham jeito com criança, tinha certeza de que se Christopher desse netos a eles algum dia, eles seriam o terror dos pais.

Christopher surgiu da cozinha seguido por Luna, ela o rodeava e eu entendi o motivo vendo-o carregar uma bandeja com alguma comida em cima. Senti minhas bochechas corarem, vendo-o trazê-la na minha direção e então colocá-la em meu colo.

— Hora do almoço.

— Mas ninguém está comendo.

— Mas você vai, tá? Eu vou dar comida pro Di e você precisa ficar com os pés pra cima. Como tá isso?  — Perguntou no final da frase dando atenção ao meu pé.

— Parece um pão.

— Um pãozinho fofo.  — Ele deu uma risadinha.  — Seus pés são minúsculos.

— Christopher, sai daqui, sai.

— Bravinha.

— Ainda isso?

— Sempre.

— Papai? Di ta com fome.

Diego se aproximou olhando com curiosidade para a comida na minha bandeja. Eu dei uma risadinha e comecei a comer, para iniciar, a sopa.

— Eu quelo papai.

— Vai lá, papai, vai alimentar seu filho.

— Aproveita mesmo.

— Sabe que a culpa de ele gostar tanto de você é sua, né?

— Minha?

— Pra começar, você tem um cachorro que ele adora, está ensinando-o a andar de skate, isso depois de atropelá-lo.

— Você o atropelou com o skate, Christopher?  — Os olhos verdes acinzentados de Alexandra se arregalaram e eu assenti.  — Eu sabia que isso ia machucar alguém, mas você não me ouve.

— Pois é senhora, Alexandra. Quase matou meu filho.

— Primeiramente senhora não, porque senhora está no céu.  — Ela veio se sentar perto de mim.  — Segundo, que história é essa que está ensinando-o a andar de skate? Ele não tem apenas dois anos? É apenas um bebê.

— Alexandra, não começa, mulher. Christopher já vai fazer trinta anos, tem as responsabilidades dele.

— E quase levou a vida do Diego.

Eu ri lembrando-me de uma vez Christopher mencionar que a mãe era protetora, mas a ponto de ela o repudiar por uma coisa que nem foi grave assim, era engraçado. Christopher pareceu sem graça, mas logo pegou Diego no colo.

— Vamos comer, campeão? Está quase na hora da sua soneca.

— Di não tá com sono.

— Mas precisa dormir, porque aí você vai poder descansar e passar a tarde toda brincando com a Luna. Vamos?

Diego não disse que sim, mas também não contestou Christopher o levar até a cozinha. Victor logo o seguiu e Alexandra ficou ali, seu silêncio era ensurdecedor e eu me perguntava o quanto Christopher havia contado sobre mim. Enfiei uma colher de sopa na minha boca e evitei fazer contato visual, temendo que alguma pergunta esquisita saísse de sua boca.

Confiar | VONDY - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora