A parte de mim que chamou por você

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⚠️O capítulo a seguir contem descrições de cenas pesadas. Sinalizarei com (!) Para os mais sensíveis

 Sinalizarei com (!) Para os mais sensíveis

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Para ativar memórias basta um som, um gesto, um cheiro...
Sabão caseiro, poeira e sangue. Foram os aromas revividos em minha memória, impregnando no meu olfato assim como a lembrança que aquele lugar abafado me trazia.

Quando cheguei, Jay me levou ao quartinho de limpeza para que ninguém me visse. Disse estar arrumando “meus aposentos” por isso precisava ficar lá temporariamente. Faziam dezoito horas dês de então. Dezoito horas que estive encolhido num canto, com um enorme desconforto que não sabia distingui ser fome ou o vazio.

Tive tempo de sobra para pensar.

Ninguém ao Leste sabia sobre mim, nem minha irmã, nem mãe. Yoongi e Yugyeom estavam bem longe a aquela altura. E o Oeste... bem. O Oeste não viria de qualquer forma.

Conforme passei o dia, ouvindo as pessoas viverem suas vidas normalmente no lado de fora, mantive meus olhos cobertos. Caso contrário, se olhasse muito tempo para aquele lugar me lembraria do corpo de Guren jogado numa piscina de sangue. Me lembraria de quando arrastei-o para fora com sacolas em sua cabeça. E de como seu rosto lembrava o de alguém.

Agora percebia a semelhança.

Provavelmente Jeon estava como o irmão. Morto. Talvez não por fora com feridas que pudessem sangrar, mas completamente por dentro. E a culpa era toda minha.

—Me desculpa...__Falei ao vento esfregando os olhos doídos pelo cansaço, Insônia. Choro.

Queria que de alguma forma eles pudessem me ouvir do outro lado da fronteira, e talvez, me odiassem um pouco menos. Machuca-los foi a única forma que encontrei de salva-los.
Estava nas mãos de Jay agora e meu inferno estava prestes a começar assim que o destrancar da porta me fez sair da onda de pensamentos melancólicos que me atormentavam a horas.

—Sinto pela demora, estava preparando um lugar especial pra’ você__ Sorriu ao me ver da mesma forma que deixou noite passada. Sem comida ou água.

Aposto que ele conseguiu escutar meu estômago roncar. Mas era tudo bem já que aquele era o seu modo de operar.
Pessoas famintas são mais obedientes se puser em jogo um pedaço de carne. Assim que trabalhava.

—Venha, vou te apresentar seu quarto__ Chamou-me com as mãos.

Foi a primeira vez em horas que descobri os olhos. A luz amarela da dispensa não incomodou então pude firmemente encara-lo. Parado. O amaldiçoando com todo o ódio que me cabia. Mas aquilo o irritava. Ele não gostava que não tivessem medo de si. Seu ego não permitia ser olhado daquela forma, ainda mais por mim.

A fronteira jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora