Demônio em pele de lobo

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De acordo com oque já li em livros policiais, quando existiam policiais, a primeira coisa a se fazer após um crime é investigar. As primeiras horas são as mais importantes.

No Norte, um grande crime havia ocorrido, vidas haviam sido tiradas. Porém, mesmo tão evoluídos quanto eram, o primeiro passo deles não foi uma investigação minuciosa.

Após o crime eles se permitiram o luto, antes de toda e qualquer coisa.

A manhã daquele dia nasceu nublada, tão nublada que ainda parecia noite quando todos os despertadores tocaram no exato momento que o ponteiro bateu sete horas.

Julgo dizer ser umas das manhãs mais esquisitas que já vivi. Existia um silêncio sepulcral pairando, quase era possível ouvi os passos de cada um no seu próprio quarto, qiase se ouvia o vizinho escovar oa demtes um silêncio que qualquer um sentia, e respeitava.

Como ovelhas seguindo o rebanho todos fizeram os mesmos passos ao acordar.
Se banhar, se trocar e sair dos quartos em direção a saída da cidade.

Uma marcha silenciosa e extremamente triste.

Naquela manhã o Norte se deu permissão para chorar. O céu chorava e os guarda-chuvas escondiam os rostos de todos aqueles que choravam com ele.

Nossos pés fincados na neve seguravam nossos corpos apontados para as cinco canoas a beira rio, enfeitadas com coroas de flores e cesto com tudo material que as pessoas abordo mais amaram em vida.

-"Из праха мы пришли, в прах вернёмся" (Do pó viemos, ao pó voltaremos)__ Com os braços estendidos aos céus que desaguavam sobre seu corpo, Félix rezava, numa língua que eu conhecia.

O lado preto pintado em seu rosto escorria pela chuva, pingando em suas vestes completamente brancas. Teus olhos estavam sempre fechados durante a cerimônia, mas de certa forma era possível sentir sua dor mesmo sem conseguir enxergar a janela da alma. Tua voz tinha dor e tua reza fervorosa também.
Naquele dia, tudo parecia dor.

Enquanto suas roupas se manchavam da tinta que pingava de teu rosto, pessoas tão bem vestidos quanto ele chegaram, carregando panos que traziam o cheiro de querosene no ar.

As canoas foram cobertas pelos tecidos finos e quando tochas de alecrim foram acesas os barcos em chamas iluminaram a manhã que o sol não conseguiu iluminar. O calor do fogo abraçou nossos corpos mesmo de longe, da mesma forma que abraçou os corpos sem vidas dentro delas.
As cordas que seguravam as canoas, não só na margem mas naquele lado da vida, foram lentamente desamarradas e o rio fez o resto do trabalho, lavando-os para longe de nossas vistas.

A fronteira jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora