☾~•Seis

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ADDISON:
🌙


Quando cheguei ao hospital no dia seguinte, minha primeira ação foi procurar pela Chefe Bailey em sua sala, visando saber a respeito da autópsia de Betty, o que condicionou sua insuficiência cardíaca e, consequentemente, sua morte. Miranda entregou-me o documento para que eu pudesse ler, foi uma espécie de condição rara de insuficiência cardíaca que a acometera - a chamada miocardiopatia periparto (MCC); uma cardiomiopatia associada a gravidez. Ao fim, a culpa não foi minha, mas saber disso não me isentou do sentimento.

- O exame que você requereu quando Betty esteve aqui da primeira vez não revelou essa condição - explicou quando entreguei-lhe o documento da autópsia. - Então você não teve nada haver com isso. Mas eu sinto muito pela perda da sua paciente - lançou-me seu característico sorriso contido.

- Obrigada - sorri também antes de me ausentar do ambiente.

Depois dirigi-me ao vestuário colocando meu jaleco, esperava que hoje fosse um dia mais tranquilo. Eu não tinha cirurgias marcadas e as que pudessem ocorrer por emergência, estavam sob desígnio de Carina DeLuca, visto que eu iria lecionar o dia todo para o novo grupo de internos. Normalmente, eu renunciaria dizendo o quanto odeio lidar com internos, mas hoje, eu faria de tudo pra manter-me distante de uma mesa de cirurgia.

Infelizmente, foi tão mais estressante do que imaginei - a cada nova turma de internos mais parece que a medicina está perdida. Esta que me acompanhava, por exemplo, mais ficava ao celular do que prestava atenção nas minhas orientações. Fui obrigada a me exaltar tentando fazer com que eles voltassem à mesma órbita que eu.

E foi após muita dificuldade que chegou o horário de almoço, onde eu finalmente conseguiria me ausentar do contato humano - mas, então, lembrei-me de que tinha uma amiga que não me deixava executar tal vontade. Amélia correu para perto de mim quando me viu sentada no gramado do hospital, tomando sol para tentar continuar a viver aquele dia estressante.

- Hey Montgomery, tenho novidades - ela sorria tanto que concluí ser uma novidade e tanto.

- Conte-me.

- Estive com Carina, me convidou para uma noite em sua casa, ela vai cozinhar - uau, cozinhar para alguém é o cúmulo da paixão.

- Bom saber que você anda ocupando o tempo da minha obstetra durante o trabalho, se caso algo de errado ocorra com alguma de minhas pacientes eu já sei a quem culpar.

- Por Deus, Addison. Não dá pra ficar feliz por mim?

Sorri, enfim.

- É claro. Eu estou feliz, ela vai cozinhar - eu disse a última parte com mais entusiasmo. - Ela não cozinhou pra mim quando estávamos juntas.

- Não me lembre de que você ficou com Carina. Você beijou ela - disse com certo asco forçado.

- Não só beijei... - fiz uma falsa cara maliciosa insinuando lembrar do momento apenas para irritá-la.

Amélia me olha furiosa, ela realmente estava. Segurei-me para não sucumbir à vontade de rir sem parar, aquilo estava hilário.

- Addison, eu não estou brincando...

- Mas eu estou, adoro te ver bravinha - apertei sua bochecha com certa força - Mas agora é sério, está gostando dela?

- Bom... - apenas por sua feição radiante pude concluir que sim, ela já estava de quatro pela mulher - Acho que sim.

- Acha? Eu tenho certeza.

- Ta. Mas e Meredith? - meu cérebro rememorou a face da loira simplesmente em ouvir seu nome.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora