☾~•Vinte

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escutem a música, é linda S2.

MEREDITH:
🌙

Eu estou apaixonada.

Aqui, ao seu lado na cama, vislumbrando em fascínio o seu encanto; ocorreu-me então a epifania. Esse esbarro repentino com o novo, com uma descoberta súbita; capaz de elevar ao âmbito da compreensão. Eu sempre soube que me apaixonaria; quando vi sua figura rígida e intocável, eu fui a delírio. Fui a delírio pelo simples fato de encontrar nela os ocos do meu âmago, o complemento perfeito para a minha vida; então sim, eu sempre soube. Jamais procurei por alguém, ou sequer me apaixonei antes — também não sei com exatidão explicar sobre quais circunstâncias as pessoas amam; mas sei sentir. Sei sentir os efeitos dos olhos verdes escuros aos meus; o toque quente que me desorienta; o descompasso do coração a partir de um sorriso.

E, no fim, é apenas isso. Basta sentir.

Não se explica o que foge do racional, então não se explica o amor porque ele não vaga no âmbito do inteligível. E, mesmo tão novo, tão diferente, tão... subitamente desafiador, eu tenho a certeza.

Eu estou apaixonada.

Virei-me ao colchão em uma posição lateral, não podia deixar se esvair um segundo sequer sem admirar aquela ruiva enorme dormindo em minha cama. Seu corpo era de uma total firmeza, os músculos evidenciavam que ela era alguém que se prezava com exercícios físicos. A cabeleira ruiva causava perfeito contraste à disposição sobre o travesseiro. O corpo, coberto pelo lençol apenas da cintura para baixo, expunha de suas curvas; as curvas que minhas mãos tanto amaram sentir.

Arrastei com um dedo à lateral de sua cintura desnuda, subindo em direção ao pescoço, logo demorando-me em carícias por lá. Por ter um sono aparentemente pesado, ela nem se moveu. Os olhos mantiveram-se bem fechados, via-se apenas a curva perfeita dos cílios enormes.

Passeei o olhar em sua relativa nudez novamente. Percebi, então, a beleza que o fulgor do luar, imiscuindo pela janela, sobrepunha ao corpo bronzeado e vigoroso. Dispunham-se sombras intermediárias e clareza plena a cada parte do corpo. O cabelo até mesmo cintilava sob reverberação.

Amá-la, ou seria de uma riqueza plena, ou de uma dor excruciante. E eu não quero ter que sentir dor. Quero apenas isso.

Apenas ternura.

Addison tinha os lábios entreabertos, e eu sorri com aquilo, de qualquer forma; amo esse detalhe. O rosto, em uma posição engraçada, fazia uma de suas bochechas ficarem gordinhas. Perguntei-me, então, o porquê dela ser tão linda. Não apenas linda, como um sofisma, mas, exuberantemente linda, como um exagero que, na verdade, é a expressão correta. Se ela não fosse de uma quase perfeição externa talvez eu poderia me safar dos sentimentos.

Mas não. O universo teve mesmo que fazê-la dessa forma, com todas essas características singulares capazes de matar qualquer um de arritmia cardíaca.

Qualquer um que tente, ou queira, me julgar; que beije Addison, ou que toque seu corpo. Aí me diga, se é possível manter-se ameno. Na verdade, não beije não, nem toque; apenas eu mesma posso.

No fim das contas, é isso mesmo.

Addison Montgomery é o meu primeiro amor. Ok que pode parecer estranho ter um primeiro amor aos vinte e dois anos, mas que se dane. Não me importo com quase aspecto algum dessa vida — apenas com o que vale a pena. E, se o meu fim estiver próximo, ao menos saberei como é ter sensações particulares por alguém.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora