☾~•Trinta e Dois

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MEREDITH:
~•🌙•~

PÓS OPERATÓRIO, MÊS UM:

— Eu não consigo... — choraminguei segurando Addison ao ombro para sustentar o peso de meu corpo — Eu vou cair, Addison.

— Não vai, só mais um passo — incentivou mantendo as mãos firmes em minha cintura enquanto eu tentava andar.

— Não dá, eu não consigo — proferi arrastado. — Estou cansada.

— Mas você precisa tentar — se impacientou, olhando-me fixamente.

Engoli em seco tentando impedir que as lágrimas de exaustão e raiva irrompessem meus olhos.

— Eu estou... Juro que estou tentando, Addison — respondi frustrada comigo mesma, abaixando o olhar para que ela não me visse chorar.

Então ouvi um sussurro seu soar.

— Me desculpa... — então ela me tomou em seus braços.

Em segundos estávamos no meu quarto do hospital novamente e, bastou a ruiva me deitar na maca para que eu me debulhasse em lágrimas. A fisioterapia estava sendo exaustiva ao extremo, e eu me cobrava todos os dias para oferecer o melhor de mim, mas o máximo que eu conseguia era dar mínimos passos com apoio. Me sentia péssima ao fim de cada dia, sem esperança de poder ter forças nas pernas com a mesma eficácia de antes da cirurgia.

Encolhi meu corpo, tampando meu rosto com as mãos. Addison, por sua vez, nada dizia, apenas fazia carinho em meu braço.

— Me desculpa por ter dito aquilo, eu sei que você está se esforçando — soou pacífica.

— Não está sendo o suficiente — respondi abafado pelo choro e pela mão.

— É só ter paciência.

— E se eu jamais voltar a andar? — livrei o rosto de minhas mãos, olhando bem no fundo de seus olhos.

— Você vai, meu amor, é claro que vai. Você não perdeu o movimento das pernas, só precisa reaprender — explicou tranquilamente.

Um mês de pós operatório e eu ainda pareço estar na estaca zero.

— Você não precisa fazer isso — disse indiferente e o desentendimento irrompeu-lhe à face.

— Isso... O que?

— Ficar comigo, me ajudar... — mexi em meus próprios dedos — Eu não mereço.

— É claro que merece, Meredith, e, de qualquer forma, eu não vou te deixar. Já fui clara.

— Eu não quero ocupar a sua vida.

A ruiva exprimiu um sorriso em um suspiro arrastado.

— Pois minha vida não funciona mais sem você — foi objetiva — Olha pra mim... — suprimi ao pedido — Você é muito importante pra mim, Mer, e eu vou fazer de tudo pra te ver bem.

Assenti, sucumbindo. Logo abri meus braços.

— Deita aqui comigo...? — pedi, então ela se deitou ao meu lado, me abraçando gentilmente, enquanto eu afundei minha cabeça em seu pescoço.

Pois era no calor se seus braços e imersa ao doce de seu perfume que eu me sentia segura.

PÓS OPERATÓRIO, MÊS DOIS:
~•🌙•~

Addison e Amélia estavam orgulhosas de mim, eu consegui andar dez metros hoje. Eu também estou orgulhosa, finalmente consigo ver os resultados de tanto esforço e exaustão das fatídicas sessões fisioterapia. Addison me deu um presente pelo meu bom desempenho, um livro incrível. É um grosso livro de capa dura sobre toda a obra de pinturas de Van Gogh. Suas páginas expendem sobre as obras do pintor francês, com imagens, datas, notas bibliográficas. É incrível — apesar de eu já ter dito isso antes...

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora