☾~•Onze

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ADDISON:
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Eram exatamente seis horas da manhã quando me retirei da sala de cirurgia, após findar a intervenção cirúrgica no pequeno Leo, de 28 semanas, acometido com a condição Megacólon Congênito. Também conhecida como a Doença de Hirschsprung, envolve a ausência de células nervosas nos músculos de uma parte ou da totalidade do intestino grosso (cólon).

A cirurgia, porém, estava marcada para a parte da tarde, mas levando em consideração a condição em que o bebê se encontrava, seria quase impossível esperar tanto; houvemos de intervir durante a madrugada. Levi Schmitt foi o interno designado a auxiliar na cirurgia, visto que, apesar de sua personalidade relativamente dispersa, ele se mostrou bastante disposto a aprender durante os estudos como pré-requisito para essa cirurgia.

A operação de Leo foi estritamente delicada, assim como praxe quando exercida em casos característicos como o seu. Toda a paciência do mundo, o cuidado, a meticulosidade foi o que permitiu-nos uma boa abordagem e um bom resultado. Agora bastava acompanhá-lo ao pós operatório com ainda mais dedicação e cautela.

Schmitt foi o responsável por acompanhar o bebê até a ala neonatal, enquanto eu fui dar a boa notícia à sua mãe, tranquilizando-a e amenizando qualquer resquício de apreensão e medo que acometia-na. Era sempre muito bom ver o sorriso aliviado no rosto dos pais, ou responsáveis; com certeza era o que continuava e continua me mantendo nesse trabalho tão cansativo e minucioso.

Eu poderia muito bem ter ido comer após a cirurgia, mas o meu corpo necessitava de descanso, repouso — meus pés e minha coluna, se pudessem gritar, pediriam socorro. Por mais desconfortável que fosse a cama do quarto de sobreaviso do hospital, não me importei em deitar sobre ela, enrolar-me a um cobertor fofinho, e relaxar meus músculos para os prováveis casos que ainda teria que executar até o fim do meu plantão; que seria ao fim da tarde.

🌙

Duas horas de sono nunca me pareceram tão eficazes. Em renovação da mente e do corpo, finalmente me levantei e saí do quarto. Ainda sentia como ondas tranquilas o sono que tive, calmo, sustentável… Mas certo aspecto de mim mesma ainda estava avidamente necessitando de cuidado — meu estômago.

Percorri os olhos no que se compreendia o refeitório procurando por Amélia, mas ela, estranhamente, não estava lá — tinha a plena certeza de que ela passa mais tempo no refeitório na companhia de seus bolinhos do que em salas de cirurgia, e amava irritá-la com essa questão. O falatório e murmurinho das pessoas ao redor, pareciam embaralhar minha mente, então apressei-me em escolher algo para comer — mas como a boa, ou não, seletiva que sou, não me agradei de prato algum; ou meu espírito que só mesmo dispunha a necessitar de cafeína.

Cafeína…

E então retirei-me de lá, pensando em qualquer modo para me entupir de café.

Como não estava tão disposta a esperar encontrar com algum interno para pedir que buscasse café para mim, eu mesma direcionei-me à cafeteira localizada defronte o hospital. Incrivelmente dispersa e esfomeada, não consegui assimilar a direção em que uma voz feminina ecoou chamando-me pelo nome — e foi apenas quando senti um toque em meu ombro que descobri, afinal.

— Hey, Grey — cumprimentei a loira que de imediato me abraçou, como sempre fazia.

— Montgomery… Bom dia — analisou minha face de uma maneira tão engraçada que preocupou-me se havia algo de errado em meu rosto — Como está?

— Bem… com fome, mas bem — olhei para a "barraca" pela milésima vez em função de descobrir se a atendente já havia preparado meu pedido, mas não — E você? — dispus, então, minha atenção à Meredith querendo realmente saber como ela estava.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora