☾~•Oito

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ADDISON:
🌙

Quando cheguei ao hospital logo fui designada a apresentar para os internos condições raras que acometem o feto ainda durante a gestação, visto que, na próxima semana eu executaria uma cirurgia de um desses casos e precisaria escolher algum interno para participar. Já haviam alguns nomes que eu consideraria à levar para a cirurgia, estes que tinham a maioria dos princípios que eu requeria.

Depois das apresentações, designei a função de todos eles estudarem sobre os casos e escreverem sobre as melhores abordagens para cada um.

Após algumas visitas e pós-operatórios, me vi livre pela manhã; então apenas fui fazer uma importante ligação a respeito da pesquisa que eu pretendia começar.

Quase ao fim da chamada de voz, senti presenças ao redor de mim e, certamente desajeitada por ter o telefone na orelha, virei-me a fim de descobrir de quem se tratava. Eram Callie, Amélia e Carina.

- O que é isso? Reuniãozinha gay? - Proferi divertida depois de desligar a ligação.

Carina e Amélia se despediram com um beijo e, antes de se retirar, a italiana apenas lançou-me um sorriso educado - não conversávamos muito, afinal. Sendo assim, ficamos nós três.

- Olha quem fala - Amélia cutucou Callie.

- Como foi o encontro? Uh, teve beijinho? - Callie perguntou em uma animação extrema a última parte, como uma criança que quer muito descobrir algo; ela até mesmo fez o biquinho característico.

- Vocês são rápidas demais... E muito interessadas na vida alheia - respondi.

- Não existem segredos entre nós, querida; diga - piscou a outra.

As duas lançavam-me olhares ansiosos, esperançosos; até brilhavam. Entretanto, eu mesma só conseguia relembrar dos momentos no café, sorrindo como uma idiota - tenho certeza que era assim que eu estava. Além do mais, eu tinha no bolso do meu jaleco aquela foto engraçada de Meredith.

- Callie, ela está sorrindo! Tem noção de que Addison Montgomery está sorrindo? - Amélia gargalhou alto, sendo acompanhada pela latina.

Apenas quis me enfiar em qualquer buraco, ficando lá bem quietinha. Que vergonha.

- Tenho que ir agora, garotas, conversámos mais tarde - olhei ao redor tentando buscar algum aspecto que me ajudasse a mentir.

Mas, como nada se dispôs diante de mim em função de me ajudar a desvencilhar daquele interrogatório inconsequente, apenas saí após curvar os lábios em um sorriso desconcertado. Enveredei-me por entre os corredores do extenso andar e, quando me percebi longe o suficiente, resfoleguei profundamente.

🌙

Durante o horário de almoço consegui evitar Calliope e Amélia com êxito.

Todavia, quando cheguei em meu apartamento Amy estava lá com sua feição sorridente e ansiosa. Depois de tomar banho sentei no tapete da sala na companhia da morena.

- Dia difícil? - ela serviu vinho tinto para nós duas, enquanto eu escolhia alguma música para ouvirmos.

- Definitivamente não, foi um dia produtivo - respondi indiferente.

- Sobre o café com Meredith, por que não me contou nada ainda? Foi ruim? - Sua feição referente a última pergunta entregou que ela já estava ciente da minha resposta.

- Não... Foi incrível, - no exato segundo em que proferi tal expressão, meu corpo todo sentiu o mesmo calor de quando Meredith me abraçou pela manhã - ela é incrível - completei, Amy tinha um sorriso orgulhoso nos lábios que acompanhava cada palavra que eu proferia.

Retirei do bolso do pijama a foto de Meredith comendo donuts e mostrei para Amélia, que sorriu largo vislumbrando-a.

- Mer é linda, e tem belos olhos, não acha?! - assenti e Amy entregou-me a imagem - Você está guardando a foto no bolso do pijama... - afirmou, dispondo o tom de voz em espontaneidade e surpresa.

Pensei no possível significado do fato de eu ainda guardá-la comigo, como fiz durante o plantão, deixando-a no bolso do jaleco e admirando vez ou outra. Contudo, não quis dizer a ela que fiquei extasiada durante todo o dia visualizando como Meredith estava linda naquela foto.

- Conte-me... - se ajeitou melhor na posição em que estava, apoiada sobre as pernas, antes de continuar - (...) como você se sentiu enquanto esteve com ela? - gesticulava avidamente em virtude da proporção de sua curiosidade.

- Eu... É estranho tentar explicar, mas acho que me senti diferente de todos os dias, como se Meredith me fizesse levitar e encontrar o melhor em mim mesma. - pausei - Não sabia que eu podia sorrir novamente depois de Charlotte, e isso me assusta.

- Assusta por quê?

- Acho que tenho medo, tanto de machucá-la quanto de confundir meus sentimentos. Acho que não sou uma pessoa tão boa para ela, você sabe... Ela é doce e eu... - não quis dizer que me sentia como pessoa ruim que pode, de um segundo para outro, ferir os sentimentos de alguém. Logo, me calei.

A partir da expressão que captei na face da morena, tive quase certeza de que ela faria o seu tão conhecido discurso sobre como eu devo me permitir viver os momentos, sem deixar que o medo ou os aspectos caracteristicamente inóspitos de mim, sobressaiam.

- O que eu sei é que Charlotte feriu você imensamente, não o contrário. Você se tornou fria e distante para se proteger dos prováveis acontecimentos futuros que poderiam te afetar negativamente. Mas isso não quer dizer que você seja uma pessoa ruim; porque você é uma pessoa machucada. - pausa para um gole em seu vinho - A culpa não é sua, Addie, mas você pode mudar isso se permitindo viver livre das amarras.

Assenti lançando-lhe uma face serena, tentando não ir de um extremo sentido a outro após pensar em Charlotte. Não queria relembrar aqueles momentos - además, não é justo comigo e com as ações que preciso realizar para ser alguém melhor no futuro.

- Addison, meu anjo, você não pode mudar o que aquela loira inconsequente fez com você; mas sua perspectiva sobre isso, sim.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora