☾~•Trinta e Sete

471 42 2
                                    

MEREDITH'S CREATIVE DIARY

Este é o primeiro natal em que me sinto feliz de verdade, o primeiro em que não preciso cear dentro de um quarto de hospital, ou então chorando pelas crises de dores de cabeça. A primeira vez que consigo sentir o espírito natalino me acometer com graça. Com amigas especiais, e o amor da minha vida ao meu lado, aproveitando uma deliciosa ceia, músicas alegres e sorrisos sinceros. Tudo o que eu sempre quis na minha vida, essa simplicidade que é de uma total ternura.

Nos divertimos feito crianças no mar a madrugada toda, enquanto a brisa densa passeava por entre nossos corpos, jamais fui tão feliz. Na manhã do dia seguinte abrimos nossos presentes e foi muito engraçado, as garotas se presenteando com brinquedos eróticos e meias ridículas.

Eu estava feliz demais!

Não obstante, Addison me fazia sorrir em todos os momentos, até nos mais inóspitos, ela é incrível, a namorada mais incrível desse mundo. Tê-la ao meu lado nesse natal foi imensamente importante, a mulher que eu amo e que me faz sentir grata pela vida todos os dias. Ela diz que sou seu pedacinho bom, mas ela é o meu infinito bom.

Quando eu era pequena e passava as festas de fim de ano em uma pacata cama de hospital, minha médica me deixava comer chocolate — era a única vez que eu podia. Então meu pai ficava comigo, cantando músicas alegres que, apesar do gênero, não eram capazes de dissipar minha exaustão. Ele me dizia coisas boas, muito boas, em como eu seria feliz quando crescesse, sobre como o amor é importante para nos manter vivos, que eu deveria ser grata sempre... Thatcher foi especial e, apesar de poucos os momentos em que ele agia com tamanha sensibilidade, ele era tudo o que eu tinha, era a esperança de um futuro melhor que eu desacreditava que podia me acontecer.

Mas aconteceu.

A esperança não foi um caminho unilateral, uma perda de tempo, foi progressiva. E agora eu tenho pessoas que me amam, um trabalho, um curso na faculdade e, além de tudo, a ternura em conseguir ser sensível o suficiente para aproveitar a simplicidade da vida — aqueles pequenos detalhes que, para a maioria das pessoas, passam despercebidos, mas que são a partícula bonita do que nos mantém vivos.

Ver na simplicidade o caminho para a sublimidade, é uma arte.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora