☾~•Vinte e Nove

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ADDISON:
~•🌙•~

Callie me trouxe para o meu apartamento e ofereceu passar a noite comigo, eu aceitei, já que senti que não conseguiria suportar ficar sozinha. Assim que cheguei fui dormir, e devo ter me estendido à atividade por, pelo menos, seis horas. Quando despertei, fui tomar banho para tentar amenizar um pouco do nervosismo e preocupação que ainda me deixava em estado de alerta. Eu tentava não pensar, ou poderia enlouquecer, Meredith sempre me disse para não pensar tanto — e eu jamais consegui seguir seu conselho tão valioso. Às vezes me pergunto como ela consegue ser tão decidida e independente de recorrência à racionalidade plena. Como já discutimos sobre isso...

Fiz questão de vestir uma blusa azul bebê que Meredith deixara em meu guarda-roupa, e ainda continha seu perfume. Mesmo sem querer, acabei esbarrando o olhar no espelho,e então me dispus à uma análise meticulosa de minha própria figura. Eu estava um caos completo, contestei pelas olheiras, os olhos vermelhos e o rosto inchado. Sucumbi àquele reflexo deplorável e então me arrastei à sala.

Iminentemente, meu olfato se aguçou com o cheiro da pizza, sobre a mesa da sala, dando-lhe um aroma delicioso pela considerável fome que eu sentia. Meu estômago se retorceu audível e então eu abri parcialmente a caixa, roubando uma calabresa. Logo ouvi uma movimentação de voz na cozinha. Fui até lá cautelosamente.

Callie falava baixo ao telefone, enquanto gesticulava avidamente e andava pelas arestas do ambiente. Parecia tão imersa a conversação que mal reparou minha aproximação. E então ela me enxergou e, parecendo se preocupar, despediu-se de quem quer que fosse.

— Addison... — saudou em tom falso, esquivando-se do que sabia que eu questionaria.

— Sem essa — arqueei as sobrancelhas —, o que foi que aconteceu?

Ela suspirou pesadamente, correndo os olhos em direções diferentes, até descansá-los sobre mim.

— Ainda estão em cirurgia — contou, pressionando os dedos sobre a bancada de mármore.

— Até agora? Todo esse tempo? — Exasperei-me e joguei todo o meu cabelo molhado para trás em um ato nervoso.

— Houve uma complicação — concluiu.

— Que complicação?

— Amélia disse apenas que houve uma complicação.

— Céus... Às vezes eu a odeio por ser tão subjetiva.

Callie alcançou dois copos no armário, servindo suco de maracujá recém preparado.

— Eu quero beber vinho — reclamei, acompanhando-a até a sala.

— Não mesmo — repousou os copos e a jarra de suco sobre a mesa, ao lado da caixa da pizza. — Você não vai se embebedar hoje.

Então, sentamo-nos para comer.

~•🌙•~

Calliope e eu assistíamos a um filme na sala, deitadas no sofá. Na verdade, eu não assistia nada, nem sabia o nome do longa, só mesmo conseguia pensar em minha garota. Eu checava meu celular de segundo a segundo, esperando por alguma anunciação; mas notícia alguma chegava. Sentei-me ao sofá, exasperada, dissociando-me do abraço da latina e propiciando desentendimento de sua parte.

— Liga pro hospital de novo — pedi, segurando a barra da blusa.

— Não tem novas atualizações, eu já mandei mensagem para Schmitt e ele disse que ainda estão em cirurgia.

— Você não acha que está demorando demais? Era uma hemorragia e estão lá há mais de dez horas — choraminguei.

— Sim... Mas não sabemos a proporção da complicação que ocorreu — respondeu desligando a televisão.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora