☾~•Cinco

1K 91 13
                                    

NARRADORA:
🌙


Meredith foi ao hospital para dar início à quimioterapia. Estava hesitante, porém, porque desde a descoberta sobre o retorno de seu tumor, suas decisões oscilavam entre findar os tratamentos ou continuá-los. Queria viver, sim, mas não às custas de ter que deteriorar a si, e seu psicológico, estando presa a um hospital. Não suportava mais essa espécie de ciclo vicioso que sucedia desde os primórdios de sua vida.

Quando a loira saiu do elevador, logo vislumbrou a figura de Addison, porém, completamente diferente de como a vira pela primeira vez. Seus olhos estavam perdidos, dispersos, seu corpo parecia tão tenso que exalava até mesmo pelos olhos. Meredith, preocupada, aproximou-se.

Tentava compreender o que havia sucedido à Addison, mas a quietude da mesma impossibilitava tal exercício - preocupou-se ainda mais, quando a ruiva começou com um choro involuntário. Em virtude de acalmá-la, a levou ao quarto de descanso mais próximo.

Addison olhava para si fixamente e as lágrimas apenas corriam por seu rosto claro com afinco. Meredith nada mais questionara, apenas tentava acalmar a mulher, que respirava tão descompassadamente que aparentemente seu coração beirava a taquicardia. Meredith abraçou o corpo da ruiva, que mesmo relutante ao toque, à medida que sentia o cheiro doce emanar do cabelo loiro da menor, tranquilizou-se - aquiesceu aos braços dela, enfim.

Meredith começou a sussurrar palavras motivadoras conseguindo assim amenizar a agitação em que os pensamentos sucediam na mente da ruiva. Sentindo o calor irradiar do corpo da loira e a envolver como um entrelaço, afastou-se depressa pois aquele contato não soava tão natural para si.

- Eu... Preciso ir - disse ela em um impulso.

Sairía, caso o corpo de Meredith não estivesse defronte a porta impedindo a passagem.

- Você não está em condições, deixe-me ajudar você - a loira aproximou-se novamente.

- Não precisa se preocupar, eu estou bem - tentou exprimir um sorriso, mas o que saiu não se pareceu muito com um.

- Não está, Addison. Eu apenas quero ajudar você, da mesma forma que me ajudou semana passada durante aquela crise. Creio que não haja nada de errado nisso, hum?...

Addison aquiesceu, sem mais hesitar - além do mais não conseguia, seu corpo todo estava em completa aflição. Sentou-se na cama, sentindo o peso de mais de trinta horas sem dormir atacar-lhe com força, juntamente ao último acontecimento que a fazia questionar de sua capacidade como médica. Logo Meredith se juntou a ela, fazendo gesto com as mãos em seu colo em virtude de sugerir que a ruiva descansasse sua cabeça lá. E assim se fez, Addison deitou-se no colo da outra, que logo começou a acarinhar o topo de sua cabeça.

- Grey, eu... - ia dizer o quanto aquilo era estranho, mas a mulher a interrompeu.

- Não diga nada, descanse - continuou o gesto sutil com as mãos na cabeça da mais velha.

Logo a ruiva pousou os olhos verdes nos olhos clarinhos de Grey, que sentiu a singularidade do mesmo exalando em êxtase. Meredith contornou os dedos delicadamente nas sutis pintas que decoravam seu rosto - achou-as lindas; eram tão sutis que mal percebera quando a conhecera. Começou, então, a cantar baixinho uma música em francês, sua língua de origem; e Addison apenas aguçou o ouvido tentando assimilar as palavras mansas proferidas em conjunto ao carinho gostoso de suas mãos.

- Sua voz é linda... - expressou a ruiva, tocando com a ponta dos dedos o dorso da mão de Meredith.

Compreendeu então a natureza do sotaque sutil na fala da garota.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora