☾~•Vinte e Quatro

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NARRADORA:
~•🌙•~

Ao amanhecer, Addison acordou com um peso considerável sobre seu corpo e, antes de abrir os olhos, murmurou:

— Bom dia, Mer... — a voz soou rouca e arrastada, bocejou logo após e então finalmente abriu as tensas pálpebras.

Mas então, sentiu o desalinho da consequência lhe atingir, propiciando nela vontade de gritar. Eliza dormia nua em cima dela, com os negros cabelos em seu pescoço, causando-lhe cócegas. Fez o maior esforço para se livrar da mulher sem acordá-la, ainda não estava pronta para verbalizar qualquer coisa àquela que teve a audácia de lhe proporcionar uma noite inteira de sexo.

Gradativamente, as lembranças da madrugada atinaram-se na mente da ruiva ainda incrédula acerca de sua atitude. Já de pé, olhou para aquele corpo em sua cama com algumas marcas roxas em algumas partes. Sentiu náusea, não soube se por ressaca ou por ânsia à si mesma e sua atitude suja. Foi ao banheiro, e então realmente vomitou. Agarrou-se ao vaso como se sua vida dependesse daquilo e então deixou com o que o líquido ácido se expelisse boca a fora. Depois chorou, desarmou-se o corpo e choraram-se os olhos. Dor de alma, dor de amor, dor por escolhas erradas.

O que faria agora? Pensou. Meredith procuraria por ela ainda hoje, lembrou-se de Amélia dizendo tal conclusão na noite anterior. Então o que faria? Contaria à garota a verdade? Ou aquilo seria algo que decidiria esconder no mais intrínseco de si? Não soube. Não teve essa capacidade.

Arrastou-se pelas escadas e chegou então à cozinha. Bebeu de uma água delirantemente gelada juntamente a dois analgésicos que pegou no armário. Jurou que ela e Eliza fossem as únicas pessoas naquele apartamento, mas tal contestamento sofreu um esbarro contra a testa quando a mulher ouviu a tão conhecida voz doce de sua melhor amiga desejar-lhe um bom dia.

Já na metade de seu segundo copo de água acabou se engasgando, sentindo o líquido retroceder e emergir pelo nariz. Tossiu várias vezes, tendo a ajuda da amiga com alguns tapinhas em suas costas. Repreendeu-se a si mesma por ser uma idiota e agir como tal, sabia que o que estava por vir acabaria com o resto de esperança que nutriu. Por sua própria culpa.

— Quando você chegou? — perguntou à morena, que ainda analisava sua completa desordem externa.

— Cheguei há uma hora, estava no banho... — semicerrou os olhos perguntando a si mesma o motivo por Addison estar um fiasco — O que aconteceu com você? Está passando mal?

— Eu? Não. Ressaca apenas — foi objetiva.

Addison não se olhara no espelho, não suportaria ver seu reflexo reverberar em prol de lhe fazer sentir ainda mais deplorável. Amélia, por sua vez, sorriu entendendo tudo, ou pensando que entendeu.

— Você e Meredith se acertaram, não?! — perguntou após ver as nada sutis marcas roxas no pescoço da amiga.

Mas então seu sorriso se esvaiu quando Addison negou.

— Não? Então, por que... — iria questionar o motivo pelo qual ela tinha manchas, mas então, aí sim, entendeu tudo.

Lembrou-se da inconveniente mulher que se juntou à Addison no bar quando foi embora com Carina. Mas desacreditou que a ruiva pudesse ter feito algo desse tipo, ainda mais estando com Meredith. Estava enganada. Receosa em relação à resposta que obteria, indagou:

— Você dormiu com Eliza? — aproximou-se de Addison, aspirando o cheiro de perfume barato recender de seu corpo. Reconheceu-o, sim, mas queria ouvi-la confirmar — Addison! Você dormiu com Eliza — afirmou gritado.

Addison buscou fôlego no mais profundo de si e o exprimiu pesadamente, sentindo a própria garganta fechar. Abaixou o olhar da infinidade surpresa que emergia dos olhos azuis de Amélia.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora