☾~•Treze

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O BAILE 2/3

ADDISON:
🌙

Cada ser possui sua própria conclusão, e ideia, do que é beleza e as questões relacionadas a tal. Para uns pode ser algo completamente desassociado à características externas; para outros, a própria característica externa. Mas para mim... Para mim era tudo e qualquer elemento associado a uma única pessoa: Meredith Grey.

Quando meus olhos a alcançaram foi como um choque de realidade alternativa. Como se tudo ao redor ficasse tão escuro e insignificante, e ela tão vistosa e profunda que eu podia até mesmo sentir o efeito de sua existência sacudir o meu corpo sem gentileza. Tudo em Meredith foi capaz de desarmar cada celulazinha, por mais simples, do meu corpo. Seu olhar puramente cálido que me atingiu, mesmo a certa distância, foi capaz de me aquecer; as curvas aparentemente perfeitas de seu corpo, me extasiar; o sorriso fascinante, propiciar o meu próprio...

Eu poderia morrer naquele exato momento, nada mais alcançaria a satisfação que foi ver aquela garota loira extraordinariamente linda. O olhar dela tão pertinente ao meu, tão expressivo, causava-me sensações equitativas a transcender à ternura, atingindo o extremo do desejo. E eu mesma só percebi que estava em um momento real, quando senti os aspectos do entorno se normalizarem e vi Meredith proferir os primeiros passos meticulosos até o meu encontro.

Senti o meu corpo todo queimar como o pleno fogo abrasador enquanto acompanhava-a se aproximar e, cada vez mais perto, pude constatar o encanto que aquele vestido dava a ela. Aparentemente especializado em renda francesa, o vestido preto, extremamente curto, fina alça, em conjunto a maquiagem ao mesmo tom, realçava o brilho de seus olhos.

E eu nunca antes implorei por ar.

— Montgomery, boa noite — sua voz arrastou-se tão sensual em meu ouvido que julguei ser efeito do Whisky.

Mas talvez tenha sido proposital.

— Bela noite, Grey — dessa vez eu quem a abracei primeiro, precisava sentir, por mais simples que fosse, contato com sua pele que parecia cintilar.

Mantive-a durante longos segundos em meus braços, aspirando seu perfume que naquela noite parecia ainda mais intenso.

Tudo parecia mais intenso.

Quando toquei suas costas desnudas pela fenda do vestido, com a ponta dos dedos, pude contestar que um gemido manso escapou de seus lábios. Tentei lembrar se eu havia bebido mais do que imaginei; não poderia estar ouvindo coisa e delirando outras. Era real.

— Você está linda. Não! Linda é um eufemismo. Você está... Perfeita, Montgomery — me senti eficaz ao conseguir focar a atenção nos seus lábios em tom de vermelho, que se moviam lentamente ao falar, e nas suas palavras.

Entreabri os meus lábios tentando ofegar sem ser percebida, mas eu já estava tão atingida por aquela mulher que foi impossível disfarçar. Meredith tocou ousadamente a gargantilha em meu pescoço, mantendo sempre o contato de nossos olhos, ela parecia mesmo disposta a foder com o meu psicológico.

Percebi, então, como eu sempre parecia estar na retaguarda quando a tinha por perto — e este jamais fora um aspecto de minha personalidade.

— Meredith... — puxei-a pela cintura, unindo-nos novamente; certa parte de mim necessitava continuar sentindo seu calor.

E então ela murmurou em resposta, o que acabou sendo outro gatilho para meu estado de êxtase.

— Você está incrível nesse vestido! — disse firme, desacreditando que realmente consegui soar normalmente.

— Obrigada, Addie — ela sussurrou em meu ouvido lançando cócegas ao mesmo, que acabaram arrepiando ainda em maior proporção os pelos do meu corpo.

E então ela plantou um beijo tênue em meu pescoço.

🌙

— Desistiu de ir embora, não? — Callie provocou, mas eu mal me importei, estava ocupada demais vendo a maneira doce como os lábios pintados de vermelho de Meredith se movimentavam enquanto ela conversava com Amélia — Conhece a expressão: "disfarçar"?

Assenti sem prestar atenção à uma mísera letra.

— Não parece. Você está comendo a garota com os olhos, Montgomery.

Bebi a água do copo que desceu queimando, provando-me que algo de muito errado acontecia — ou, muito certo. Apelei para a água gelada porque o whisky só estava servindo para me causar ainda mais excitação e nervosismo.

— Não estou não.

— Está sim!

— É... eu estou sim — evidenciei, sucumbindo, deixando os ombros caírem.

Desestabilizava-me tanto o fato de eu sentir necessidade puramente intrínseca de tocar a boca de Meredith com um beijo.

— Eu não estou bêbada — afirmei mais para mim mesma do que para a latina.

— É, não está, eu conheço muito bem a Addison Montgomery bêbada. Mas o que isso tem haver? — indagou.

— Tem haver que eu estou a desejando — desviei minha atenção para a latina na minha frente, tentando esquecer que Mer estava bem ali perto.

— E você não pode desejar alguém sem estar bêbada? Essa é nova, Addison — riu audível.

Sua frase ecoou em meu cérebro até eu ter a plena certeza da resposta. Eu poderia muito bem desejar Meredith, querer beijá-la, mas simplesmente não aceitava o fato; desconhecia o motivo.

— Sabe a verdade? — neguei com a cabeça — Você passa tempo demais pensando sobre o motivo literal para todas as questões. Addison, a vida é assim, e a emoção não é inválida.

Olhei para a loira novamente, mas agora ela já tinha os olhos sobre mim.

— Você só precisa agir... Agir!

Eu só precisava agir.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora