Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.

☾~•Trinta e Um

ADDISON:
~•🌙•~

Na manhã seguinte eu acordei com a coluna completamente ferrada por tentar dormir em uma posição lateral para segurar a mão de Meredith — anotei mentalmente à pedir para que mandassem uma cadeira decente para eu dormir confortável, e não com a sensação de que estou deitada sobre uma pedra.

Callie logo trouxe café para mim e conversamos um pouco. Então Amélia se dispôs a checar a garota e se felicitou quando eu lhe falei sobre Meredith ter segurado minha mão na noite anterior.

— Significa que ela está consciente, ouve tudo o que é dito, o corpo apenas não reage pela fragilidade de sua atividade cerebral. Ainda oscila bastante — explicou colocando as mãos no bolso de seu jaleco.

— Então... Não é mais como se ela estivesse dormindo?

— Não, é como se ela estivesse acordada, porém sem forçar para abrir os olhos. De forma leiga, significa isso.

— Entendo.

— Continue estimulando-a, converse com ela, diga algumas coisas... Pode ter certeza que vai ajudar — assenti, terminando de beber meu café.

~•🌙•~

Eu estava lendo um caso de complicação neonatal em que Carina me pediu um conselho. Minhas pacientes estavam todas sob supervisão dela e da nova residente de obstetrícia, Josephine, e, por ser muita demanda, eu tentava ajudar sempre que podia. Analisava casos, organizava prontuários... Tudo o que era possível fazer sem ter que sair do quarto.

Foi quando eu percebi certa movimentação de soslaio.

Meredith parecia exercer forças para abrir seus olhos, mas encontrava uma dificuldade enorme, visto que não conseguia mais do que mexer suas próprias pálpebras. Me levantei, dispondo-me à sua frente, fiz um delicado carinho em seu rosto, ouvindo-a suspirar profundamente.

Então seus olhos se abriram. E eu os vi.

Os olhos verdes claros e redondos pelos quais meu coração bate em frequência avançada.

Segurei sua mão em tamanho nervosismo, já sentindo a ardência nos olhos e a tremura nos lábios indicar-me um estado de choro.

— Oi, anjinho — sussurrei e funguei, fazendo um sutil carinho em sua bochecha.

Meredith não olhava para mim, seus olhos piscavam freneticamente enquanto sua respiração ao peito parecia acelerada ao extremo. Ela parecia desordenada, assustada, amedrontada. Algumas lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos, iminentemente.

— Eu estou aqui, meu amor. Bem aqui — curvei-me para beijar sua bochecha, e quando me afastei ela me olhou.

Quando seus olhos encontraram os meus, seu corpo e sua feição pareceram amenizar.

— Ei... — sorri, logo sentindo os lábios molharem pelas lágrimas — Você se lembra de mim? — perguntei hesitante, tinha a possibilidade de ela não se lembrar.

Mas Meredith de forma alguma respondeu, que não me olhar infindavelmente. Permaneci segurando sua mão, acariciando-a com cuidado. Então seus olhos se fecharam novamente...

MEREDITH:
~•🌙•~

"Você se lembra de mim"?

Eu me lembrava, sim, impossível seria esquecer.

Quando eu abri meus olhos ainda tensos, pesados, eu precisei de longos segundos analisando os aspectos daquele quarto de hospital para associar o que estava acontecendo, e o que aconteceu para eu estar ali. Contestei que não sabia, não conseguia me lembrar de nada que não fosse Addison e eu discutindo nas escadas de emergência; após isso, de nada mais me recordo. E então ela me beijou no rosto, e sentir seu perfume novamente foi como uma passagem tênue e delicada para a lembrança de sua voz rouca cantando para mim e dizendo que me amava. Não sei se estou delirando quanto a isso, ou se ela realmente disse me amar.