☾~•Vinte e Dois

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ADDISON:
🌙

Tem que ser mesmo uma amiga muito empenhada como a mim para se submeter a vir em um bar às dez da noite no fim de um fatídico expediente. Eu mal tinha forças para sustentar meu próprio corpo, meus pés estavam latejando de dor, o sono quase me fazia deitar em cima daquela mesa mesmo. Estava tão cansada que até o whisky parecia adquirir um gosto estranho. Não obstante, fiquei plantada sozinha no bar por pelo menos vinte minutos, esperando as inconvenientes aparecerem.

Quando elas finalmente chegaram eu já estava quase desistindo e indo embora. Após cada uma buscar sua bebida, sentamo-nos todas em outra mesa maior e mais afastada das luzes centrais que quase nos cegavam. E é claro que foi de um espalhafato completo a reação das duas mulheres enquanto eu contava sobre minha... situação com Meredith. Até mesmo senti o sono se dissipar enquanto as duas me faziam rir com suas piadas inóspitas, porém engraçadas.

— Ela é realmente assim? — Amélia indagou, referindo-se à maneira superficial com que eu quis exprimir que Meredith é um tanto pervertida.

— Não imagina o quanto. Aquela carinha é enganosa, ardilosa. — expliquei, tentando não rememorar as cenas da noite com Meredith.

— Não é de se espantar que ela esteja tão cansada agora — Callie cutucou Amélia, bebendo de sua vodka.

— A noite foi produtiva — respondeu.

Era uma impossibilidade considerável não sorrir ou lembrar da madrugada passada; Meredith não me deixou dormir um segundo, não sei como tive forças para atuar em cirurgias durante o dia e tarde.

— Finalmente a Montgomery desencalhou, já era hora — lancei-lhes um sorriso contido.

— Não para de sorrir um minuto — Amélia debochou, mas ela mesma também sorria infindavelmente — E quem foi o cupido? — jogou os cabelos para o lado em ar superior — Shepherd, a gostosa.

— Shepherd, a convencida — revidei jogando um guardanapo de papel amassado nela.

— Só não pode se esquecer das amigas agora que está namorando.

— Não estou namorando, Cal — fixei, a surpresa irrompeu-lhes à face e então elas se entreolharam — Ah, qual é, rápido demais.

— E vocês 'estão' o que?

— Nos conhecendo — concluí, tamborilando os dedos na mesa.

— Namorando — Callie contestou.

— Nós... não temos nada.

— Como assim nada? Não começa, Addison — a morena esbravejou.

— Esqueçam, vamos... mudar de assunto — propus, começando a rasgar em pedacinhos os guardanapos de papel.

Mas eu mesma não havia esquecido.

🌙

Meredith e eu nos vimos exatamente todos os dias da semana. Passei algumas noites em seu trailer, ela algumas noites em meu apartamento e estávamos nos dando bem. Bem demais. Eu me sentia realmente feliz ao lado dela, era leve, sincero por eu não ter que ficar me omitindo. Entretanto não conversávamos muito sobre nossa relação, ou não me perguntem a definição da situação em que nos encontrávamos.

A garota parecia não se importar, ela era bem resolvida com suas emoções, já eu me corria por dentro incapaz de não questionar o mérito ao qual estávamos nos submetendo.

Eu só não era capaz de imaginar que não se deve questionar o que já se é. Nós já éramos algo, e intrinsecamente sabíamos, mas, ao questionar e querer dar uma forma, perdemo-nos.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora