☾~•Trinta e Cinco

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NARRADORA:
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Addison mais do que leu a carta escrita por Meredith, imergiu nela com todo o ser, sentindo o real efeito das palavras e expressões arrepiando-lhe à pele. E, às vezes, de maneira sutil para não dissipar por completo a atenção do papel, levantava o olhar para alcançar a jovem loira. Desse modo, se dispôs à releitura apenas para sentir novamente a emoção preencher-lhe com vibrações positivas que faziam-lhe experienciar a veracidade da carta. Quando terminou de ler pela segunda vez, então dobrou-a novamente, idêntica à forma que lhe foi entregue, e só percebeu que chorava quando sentiu o lábio molhar. Tentou cessar as incansáveis lágrimas de que debruçaram de seus olhos, mas foi impossível, visto que uma certa garota deveras sorridente olhava-a infindavelmente, lançando-se também a um estado choroso.

A ruiva fechou seus próprios olhos correndo o papel entre os dedos, experimentando sua textura, enquanto, à mente, frisava o fim das palavras discorridas ao fim da carta. Sabia que iria dizer sim, sim ao que foi pedido e ao que nem sequer foi mencionado, porque sempre teria respostas positivas àquela que lhe fez vivenciar o amor em sua forma mais pura, que lhe apresentou a sensibilidade, a sublimidade de um sorriso.

Abriram-se os olhos quando Meredith tocou-lhe ao rosto em um carinho afável, antes de assumir:

— Eu tentei fazer algo romântico — sorriu desconcertada. — Não sei se me saí bem...

— Mais do que bem — admitiu inclinando o rosto para melhor contato com a mão quentinha da garota. — Você é incrível, Mer.

A música mudou no exato momento que Addison deu alguns passos para trás, descansando o papel sobre a mesa de centro da sala. E então voltou-se para a loira. Tocou seu cabelo curto com os dedos, em seguida desenhou a curva de seus lábios com o polegar, recordando-se do texto como flashes de memória.

Tentou começar a dizer, mas então sorriu em um suspiro, aquecendo o rosto da loira com seu hálito.

— Você me bagunçou também — confessou, começando a se mover lentamente com a música e aliciando a garota ao mesmo com as mãos em sua cintura. — Virou o meu mundo do avesso, sem ao menos pedir permissão. E eu tive medo, você sabe bem, mas agora eu não me importo. Você não faz ideia da dor que eu senti quando te tive em meus braços desmaiada, quando descobri que você poderia me deixar. Pensar em te perder foi como... cogitar perder minha própria vida.

Meredith secou gentilmente a bochecha molhada de Addison quando a mesma deu uma pausa, antes de continuar:

— Eu só pedia à qualquer força superior existente para que sobrevivesse, porque eu precisava que você visse no meu olhar o quanto eu te amo. Queria ver o seu sorriso novamente porque é nele que me sinto completa — sorriu —, você me completa. Então eu seria uma idiota em te dizer não.

— Então...? — Meredith sucumbiu ao movimento dançante, atentando-se aos olhos da mulher, em expectativa.

Addison mordeu o próprio lábio sentindo o peito agitado pela recorrente emoção.

Recomeçar é recorrer à esperança, lidar com o passado para, então, enveredar por entre o caminho de imensuráveis surpresas e acasos que é a vida. Recomeço é como um ciclo infindável de todos os aspectos, onde tudo tem um início, um fim, e depois retoma com harmonia. E são necessários, assim como a lei de que nada no universo permanece igual. Assim como o dia recomeça, quando a noite tem seu fim, e vice-versa. Assim como o outono seca as folhas e flores, para então a primavera chegar e dar vida ao aspecto mórbido. Recomeçar é mais do que iniciar novamente, pois tem toda a beleza de resignificar. Dar novo sentido e perspectiva ao que se foi mas que não se perdeu. Dar o toque final da graça àquilo que sente tangível o vazio. Sorrir novamente, mas com os lábios astutos, como se a vida e seus elementos necessitassem de tal ato. Porque nada está perdido. E essa consciência a ternura do amor evidencia.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora