☾~•Vinte e Oito

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ADDISON:
~•🌙~•

Amélia e eu estávamos aguardando a conclusão das imagens da tomografia de crânio da Meredith, mas aquilo parecia demorar demais; ou a ansiedade em mim que excedia essa ideia... Meredith ainda estava inconsciente, e com as pílulas mióticas, o que indicava uma provável hemorragia intracraniana.

Eu andava de um lado para o outro dentro daquela sala à baixa luz e gelada, tentando não pensar que Meredith estava morrendo bem na minha frente e eu de forma alguma podia agir. Me sentia uma impotente.

— Addison, calma... — Amélia incitou, girando sobre a cadeira para me olhar.

— Calma? Como você quer que eu fique calma? O amor da minha vida está morrendo e a última coisa que eu consigo, no momento, é ter calma — fui prolixa, é que estava nervosa ao extremo.

Quando ouvi uma anunciação sonora referente a conclusão das imagens, me dispus a verificá-las. Mas aquilo era como uma incógnita para mim.

— Eu não estou entendendo nada — disse e Amélia me tirou de sua frente para poder analisar a tomografia.

— É claro, você é obstetra — respondeu, se empenhando a observar aquela coisa estranha.

Ela fez um bico, não um bico comum, mas o bico característico de Amélia Shepherd; o que faz quando algo há algo de muito errado.

— O que foi? O tumor cresceu? — silêncio — Rompeu? É pressão intracraniana? — silêncio.

A morena mudou a perspectiva das imagens, deixando-as em disposição lateral.

— AMÉLIA ME RESPONDE! — gritei, entremeando as mãos por entre os meus fios ruivos em extremo nervosismo.

— Hemorragia intracraniana espontânea, pelo fato de o glioblastoma multiforme estar comprimindo as células gliais — aquilo já parecia estranho demais, ela ainda falou rápido, eu não entendi uma mísera vírgula.

Amélia se levantou exasperada, bipando residentes.

— O que isso quer dizer? — assustei-me pela forma como ela estava agindo.

E então, sem me responder, ela entrou onde Meredith estava, desligou o aparelho e verificou novamente suas pupilas. Encaminhei-me até ela, mas então residentes entraram com a maca, colidindo-a em mim. Todos sabiam o que acontecia, menos eu. A única parte que consegui entender foi “hemorragia”. Quis perguntar novamente o que estava realmente acontecendo, mas foi então que Meredith começou a convulsionar.

Meu corpo todo se lançou ao êxtase da tensão, fazendo-me já chorar desenfreadamente. Sem conseguir me mexer — ou qualquer outra reação que não olhá-la naquela situação terrível enquanto as pessoas ao redor tentavam salvá-la —, senti minha mão formigar. E então tudo em mim tremeu em uma proporção horrenda. Eu via as bocas gesticular, as mãos segurarem-na; mas não ouvia nada. Exatamente nada era o que meus ouvidos filtravam. Desprovi-me do sentido da audição, enquanto apenas o sentido da visão se sobressaía. Como se eu tivesse imersa em algo oco e obscuro, onde ecoava um silêncio prudente.

Meredith estava ali, diante dos meus olhos sofrendo uma convulsão, com o rosto extremamente pálido, seco. E eu nada podia fazer.

Logo senti alguém me puxar para fora da sala. E então, como um estalo, voltei a ouvir.

— Não fique lá — era Callie.

Eu estava sem vitalidade, meu corpo se dispunha mórbido, mas eu precisava saber o que aconteceria a partir dali. Então Amélia e seu grupo de residentes saíram, empurrando a maca de Meredith. Callie segurava minha mão, e eu ainda não compreendo como consegui exercer forças para me soltar dela e correr atrás deles.

Does love overcome pain? - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora