Olhos cor de chocolate

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Kentucky, julho 2010

Aqui estou eu, nessa minúscula cidade de interior que me transmite uma paz que a muito não sentia, talvez sejam os novos ares ou eu apenas me sinto assim por saber que estou mais perto dela.

Me dirigi a um pequeno hotel no centro, cheguei de ônibus e pedi informações sobre hospedagens em um pequeno comércio em frente a parada, o senhor de meia idade e cabelos brancos que depois descobri se chamar Will me mostrou o hotel e me deu as boas vindas, claro sem deixar de perguntar se eu era parente de alguém e o que fazia ali. Desconversei pra não ser mal educada, se tem algo sobre mim que você deve saber é que não gosto de ninguém se metendo em minha vida. Me instalei em um dos quartos, no início não queriam aceitar a Fofica, mas pelo que percebi do movimento no local acho que não estão em condições de escolher clientes, sendo assim, aqui estou eu deitada na cama me perguntando que porra tô fazendo aqui, porque sinceramente não sei como chegar na Bianca.

-Olá Bianca, você não me conhece, mas salvou minha vida e agora tenho um crush em você. - ridículo Rafaella. Fofoca latiu pra mim - Eu sei, eu sei filha, estou sendo idiota e se cheguei até aqui não vou desistir, mas sou uma pessoa normal (até certo ponto) e tenho inseguranças.

Meu Deus, não sei o que esperar. Não é como se devesse esperar muita coisa, afinal ela é hétero! Não é como se eu chegasse com meus olhos verdes e ela fosse cair aos meus pés...

-Quer saber Fofoca? Vamos dar uma volta, eu vou enlouquecer se ficar aqui.

[…]

Já fazia um tempo que estava caminhando por uma estrada de terra, com árvores de ambos os lados, era um lugar incrível e me senti feliz por minha decisão de vir, eu gosto de Miami, mas prédios, carro e poluição não são uma visão do paraíso. Avistei de longe uma casa e comecei a perceber que estava perto do endereço do Caon. Percebi uma placa "Sítio Andrade" e uma placa menor ao lado "Canil Andrade". Caon não me falava sobre o que sua família fazia nem nada, na verdade de Bianca só sabia seu nome e que tinha uma filha, não esquecendo um ex chamado Danilo, Diego ou seria Diogo? Não lembro. Minha curiosidade não me deixou pensar sobre o que falar ao ver Bianca, apenas me fez seguir andando e entrar na propriedade. Fofoca sempre ao meu lado estava inquieta, acho que sentia a presença de outros cachorros, me distraí olhando minha cachorra começar a pular igual louca, quando ouvi uma voz suave chamar minha atenção, por Deus não seja quem eu acho que é.

-Boa tarde! Posso ajudar? - Claro que é quem eu achei que era, por que minha vida tira onda com a minha cara.

-Boa tarde...- não sabia o que falar, o que eu devo falar? Vamos Rafaella, se demorar mais ela vai achar que você tem sérios problemas.

-Posso ajudar você em algo? - ela sorriu, meu Deus, ela sorriu! Por que? Minha situação já não estava difícil o suficiente?

-Oh! Desculpe, eu estava procurando por emprego.- ótimo Rafaella! Você procura emprego no meio do nada e vai para suas entrevistas de emprego levando sua cachorra junto.

-Sinto muito, aqui não tem vaga, não posso te ajudar. - sorriu mais uma vez olhando nos meus olhos e pelos Deuses, são os olhos mais lindos que já vi, não por terem uma cor clara, mas por serem profundos, eu enxergo um universo neles, eu poderia me perder facilmente nas imensas esferas de cor chocolate. Antes de responder qualquer coisa escultamos um barulho de porta bater e de repente dezenas de cachorros corriam por todo o lugar. Bianca estava desesperada e olhou pra mim como quem implora ajuda e minha personalidade não facilitou nada no momento.

-Parece que você precisa sim de ajuda.- ela abriu mais os olhos em choque. Ótimo Rafaella, seja grosseira e faça ela te odiar. - Quero dizer, posso ajudar você Bianca! - exclamei meio desesperada por salvar minha imagem. (n/a: ela não te disse o nome dela, Rafaella! Quero ver como você vai explicar isso.)

MINHA SORTEOnde histórias criam vida. Descubra agora