Bianca
Já fazia uma semana que a Rafaella estava trabalhando aqui e por mais que no começo eu buscasse um defeito para tentar despedi-la e afasta-la de mim o mais rápido possível, ela não me deu. Se algo fosse perto da perfeição esse algo seria Rafaella Kalimann. Chegava cedo todos os dias e fazia tudo no Canil. Eu sinceramente não tinha nenhum trabalho além do financeiro, que não ia lá muito bem, mas íamos levando. Além de tudo ela era completamente adorável com a Sofi, minha filha simplesmente amava a Rafaella e confesso que isso me encantava na mesma proporção que me assustava, afinal ela era uma completa estranha que entrou em nossas vidas e esta ganhando um espaço que sinceramente prefiro ignorar no momento. Sem contar o quanto minha avó a admira, por ser uma "bela moça, adorável e de bom coração". Não posso deixar de concordar.
Hoje era sábado e Rafaella só trabalhava até meio dia, Diogo viria buscar Sofi para o fim de semana, não que me agrade deixar minha filha com meu ex imaturo e irresponsável, mas não tinha escolha. Resolvi dar uma volta pelo jardim enquanto o tempo passava e Sofi esperava o pai assistindo Bob Esponja, quando avistei algo que para alguns seria a visão do paraíso, mas no momento para mim era do inferno, meu inferno pessoal... Rafaella estava próxima da velha caminhonete da minha vó, com uma macacão curto com a parte de cima abaixada e um top que mais parecia um sutiã preto rendado, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto e ela tinha ferramentas nas mãos, precisei de uns minutos para recuperar a consciência e reagir aquela mulher que estava me deixando completamente confusa.
-Rafaella, o que faz aqui ainda e mexendo no carro da minha vó?- percebi minha voz mais rude do que o necessário. Ela me deixa nervosa e esta quase pelada e sexy, muito sexy... o que?! Oh meu Deus, Bianca!
-Desculpe se estou incomodando, Bianca!- ela parecia sem jeito, mas ao meu vê adorável...- eu falei com a Flora que sabia mexer com carros e ela falou dele - apontou pra velha chevrolet - Me ofereci para tentar consertar no tempo vago, como não tenho nada para fazer no hotel, então resolvi ficar aqui, mas se for atrapalhar eu vou embora! - falou já arrumando as coisas.
-NÃO! - falei afobada - Quer dizer, não precisa Rafaella, me desculpe não quis ser grosseira com você, pode ficar ai fazendo o que tem que fazer... quer dizer não incomoda em nada, se minha vó deixou...- estou divagando, porque estou nervosa? É só uma mulher como outra qualquer Bianca, se controle.
-Bom, se não há problemas eu vou continuar. - sorriu e eu sorri... Estou muito ferrada.
-Onde aprendeu a mexer com carros? - ela pareceu ficar tensa e pensar um pouco, não estava entendendo a reação.
-Aprendi com meu pai... ele tinha um e nós costumávamos conserta-lo. - ela olhava para um ponto fixo no chão e fiquei curiosa sobre sua família.
-Oh! Adoro histórias sobre compartilhar experiências em família. Minha avó me ensinou a fazer comida cubana, embora eu seja péssima cozinheira, confesso que me saí bem. - Rafaella riu pra mim e continuei - Me fale sobre sua família Rafaella... você deixou seus pais em Miami quando veio tentar a vida aqui? - ela ficou séria no mesmo momento e vi dor nos seus olhos. No mesmo instante me arrependi da pergunta, mas era tarde.
-Bom... não tinha o que eu deixar em Miami.
-Não entendi...- estava confusa.
-Minha família morreu Bianca... meus pais e meus irmãos sofreram um sequestro em uma viagem, mas os ladrões não ficaram satisfeitos apenas com os bens materiais, eles levaram minha família...- eu vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto e não contive o impulso desesperado dentro de mim de cuidar dela e livra-la da dor, abracei, passei meu braços por seu pescoço e pensei que ela iria me afastar, mas senti seus braços me prenderem pela cintura e me apertarem de uma forma gostosa, sentia sua respiração em meu pescoço e tudo que eu sentia no momento era o quanto esse abraço parecia o melhor lugar do mundo... o quanto parecia certo estar ao lado dela.
Eu estava afagando os cabelos de Rafaella e senti que ela se acalmava em meu braços, eu não sabia o que falar, mas não queria solta-la, queria que soubesse que pode contar comigo.-Não tenho palavras pra dizer o quanto sinto muito Rafinha... eu sei da sua dor porque perdi meus pais também, mas ainda assim tinha meu irmão e minha avó, e mesmo quando perdi meu irmão tinha minha filha, não imagino o quanto é doloroso se sentir só, mas quero que saiba que você pode contar comigo... eu não quero que se sinta mais assim... eu estou aqui. - não me pergunte como nem por que fiz isso, eu apenas sinto uma necessidade de fazê-la sentir-se bem só para poder vê-la sorrir pra mim de novo. Senti seus braços folgarem o agarro em minha cintura, ela se afastava lentamente, meus braços ainda estavam em seu pescoço, ela estava com as mãos em minha cintura e agora de frente a mim, próxima demais... senti sua respiração chocar contra a minha, ela cheirava a menta, minha cabeça gritava para eu sair dali, mas meu coração estava louco dentro de mim, acelerado, meu coração me pedia pra ficar e eu fiquei, eu não queria mais me negar a isso, eu estava admitindo a mim mesma o que vinha negando durante todo esse tempo, eu estava caidinha por Rafaella Kalimann e agora eu tinha certeza que ela me beijaria, e sinceramente eu cansei de fugir.
Ela se aproximou mais de mim e quando seus lábios rasparam os meus eu ouvi um grito e reconheci a voz na mesma hora, oh droga!
- BIANCA!
Me afastei de Rafaella de supetão e encarei o pai da minha filha com o rosto totalmente vermelho caminhar em nossa direção.
-QUE PORRA É ESSA BIANCA?
-Pare de gritar, Diogo! Não te devo satisfações. - eu queria correr dali o mais rápido possível.
-EU FALO COMO QUISER BIANCA! VOCÊ ESTAVA QUASE SE BEIJANDO COM ESSA SAPATÃO RIDÍCULA E QUER QUE EU FIQUE CALMO? - ele falou segurando meus braços e eu fiz uma careta porque estava realmente machucando, mas senti o aperto soltar tão logo ele segurou e ouvi Rafaella com uma voz calma e que sinceramente me deu mais medo do que os gritos dele.
-Eu aguento que me ofenda, embora minha vontade seja fazer você engolir suas grosserias junto com seus dentes, mas não se atreva a falar assim com a Bianca e muito menos tocar em um fio de cabelo dela. - eu vi eles se encarando por um tempo e tive medo, Diogo é um idiota mimado que se acha dono de tudo só porque seu pai é rico e ele é xerife da cidade. Não custaria nada pra ele fazer algo com a Rafaella e só o mínimo pensamento me aterrorizou.
-Chega! Tudo bem Rafaella, eu sei me defender...- falei o mais séria que pude, ela me olhou e tentei ler seus olhos como fazia sempre que nos encarávamos, mas dessa vez não vi nada, droga! - E você! - olhei pra ele - Você esta dentro da minha casa, portanto tô pouco me fodendo pra de quem você é filho ou se é xerife de nada. Você me respeite e nunca mais toque em mim, seu idiota. - vi ele passar do estado de raiva para o choque, acredite eu também estou, nunca falei assim com ele.
-Bia...- tentou se explicar- meu amor, eu não quis machucar você... só fiquei com ciúmes e essa idiota estava te agarrando a força.
Antes que Rafaella perdesse a paciência me adiantei e cortei ele.-Primeiro, não me chame de Bia; segundo, muito menos de meu amor e terceiro, ela não estava me agarrando a força. - falei o último sem olhar nos olhos dele, eu estava envergonhada.
-Quer dizer que você ia mesmo beijar outra mulher Bianca?- ele me olhou com nojo e eu gaguejei.
-Não! Quer dizer...- antes que pudesse terminar de responder Rafaella me interrompeu e eu senti uma faca atravessar meu coração com a forma fria como ela me olhou... eu fiz merda.
-Ela não iria me beijar, eu apenas interpretei uma clara atitude amigável como algo a mais, sinto muito por causar problemas ou mal entendidos, Bianca. - ela me olhava nos olhos e eu não conseguia ler nada neles... droga, droga, droga Bianca! - Isso não irá acontecer nunca mais, eu prometo. - e se virou saindo de perto de mim, pegando as ferramentas e chamando Fofoca para ir embora e ali eu vi que se eu realmente quisesse Rafaella Kalimann pra mim algum dia, eu teria que ralar muito pra arrumar a merda que fiz.
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MINHA SORTE
FanfictionRafaella não tem pelo que lutar e não acredita no amor até vê aquela foto que salva sua vida... tudo que ela quer é agradecer a moça de sorriso doce por ter lhe dado uma segunda chance. Bianca é uma moça simples e de bom coração que se encanta por...