MINHA SORTE

Desculpas

Bianca

Não consegui dormir nem um minuto durante a noite, minha conversa com Rafaella e a com Diogo rondavam minha mente e era impossível conseguir dormir, eu havia sido incompreensível com ela e não sabia como me reaproximar, e para completar as ameaças dele não saiam da minha cabeça também, ele é capaz de machuca-la e eu não me perdoaria por isso.

Vovó levaria Sofi na escola hoje, segundo ela teria que visitar a Mary, mas no fundo era uma desculpa porque queria que eu conversasse com Rafaella, eu sei que preciso, mas estou completamente nervosa, e se ela se afastar? Se ela estiver magoada demais e não quiser me ouvir? Eu provavelmente ficaria muito mal, só em pensar na possibilidade meu coração aperta e tenho vontade de chorar.

Despertei dos meus pensamente quando ouvi latidos vindo do canil, provavelmente ela já devia estar lá, respirar se tornou mais difícil, minhas mãos suavam e eu pensei seriamente em ser uma covarde e correr para meu quarto, mas era Rafaella ali e eu não podia, caminhei em passos lentos até o galpão, respirando fundo, olhei para o céu pedindo forças, mas desastrada como sou tropecei em algumas correias que estavam no meio.

-Ai! - gritei quando senti o impacto do meu corpo no chão, só não meti a cara porque caí por cima do ombro direito.

-Bianca?- escutei aquela voz já conhecida e esqueci a dor por um momento, o que eu sentia agora era puro nervosismo. - Você esta bem?

-Acho que sim, só cai de mal jeito.- seus olhos focaram nos meus e os seus estavam cheios de preocupação, suspirei, apesar de tudo ela se preocupava.

-A culpa é minha, me desculpe, eu cheguei mais cedo achei que você não viria, então deixei elas aí até terminar de colocar a comida para os cachorros, eu sinto muito.- ela falou tudo em um fôlego só e dei um sorriso para ela que me olhou ainda séria sem entender o motivo da graça.

-Esta tudo bem Rafinha. -seu corpo pareceu relaxar quando ouviu chama-la pelo apelido e deu um pequeno sorriso.

-Não esta tudo bem amor...- travou e desviou os olhos com vergonha, meu coração deu pequenos saltos dentro de mim por ouvi-la chamando-me assim, nem tudo estava perdido. - Me desculpe! - se apressou em corrigir - Sei que pediu para não chama-la assim, eu não quero ser inconveniente. - sua voz saiu quebrada, magoada e meu coração agora estava apertado. Eu machuquei ela.

-Eu sinto muito. - falei de vez encarando seu perfil que ainda estava a minha frente, mas olhando um ponto fixo no chão. - Eu não queria...

-Tudo bem, você me pediu um tempo e eu vou dar Bianca. - me encarou e tentou sorrir, talvez se eu não a conhecesse tão bem poderia acreditar nela.

-Rafaella, eu preciso falar com você.- nos encaramos por um tempo que não sei definir, até ela quebrar o contato e levantar me ajudando, lembrei da dor no meu braço quando ela tentou me puxar. - Ai!

-Nós podemos conversar depois, primeiro vamos colocar gelo nesse braço antes que ele fique roxo. - abaixou e me pegou no colo, dei um gritinho pela surpresa e depois sorri pela sua atitude.

-Você sabe que eu machuquei o braço e não as pernas, certo? - falei sorrindo e arqueando uma sobrancelha, ela deu de ombros.

-Não temos certeza, seu pé pode estar machucado e se você se apoiar nele vai doer.

-Para isso eu teria que testar sabe... tentar pisar no chão. - eu não parava de sorrir, ela era muito fofa e eu a amava.

-Shiii Bianca, estou tentando ser cuidadosa aqui. - falou dando um meio sorriso e seguiu para casa ainda me carregando.

-Vamos fingir que não é porque você me quer em seus braços Kalimann. - seu rosto ficou incrivelmente vermelho e ela não se atreveu a me olhar, apenas seguiu caminho.