MINHA SORTE

Ciúmes

Rafaella

Doeu... mais do que eu gostaria de admitir. Bianca estava com vergonha de mim, de nós... não que exista um nós, eu confundi tudo, ela estava apenas sendo gentil e eu fui idiota o suficiente para achar que ela correspondia aos meus sentimentos. Isso não pode mais acontecer, antes de qualquer coisa e de qualquer sentimento por Bianca vem o meu amor próprio e não vou me humilhar nem por Bianca Andrade, nem por ninguém. Sinto que não conseguiria ir embora, tenho a necessidade de estar perto dela e da Sofi, sem contar a Flora que me trata como parte de família. Não deixo de me sentir mal por mentir pra elas, não que seja uma grande mentira, eu não fiz nada de mais, apenas quis conhecer pessoalmente a pessoa que me salvou, não tem nada de mais nisso, certo? Espero que pra Bianca não...

Decidi ficar, embora saiba que nunca vai acontecer nada entre eu e Bianca, eu quero estar por perto, algo no idiota do ex dela não me cheira bem e preciso protege-la. Devo isso ao Caon, além do mais é uma bela cidade e eu realmente gosto daqui. Decidida a arrumar uma casa fui ate o senhor Will pedir informações, era domingo e o único movimento eram das pessoas indo a igreja.

-Bom dia senhor Will!

-Bom dia menina Rafaella, como tem passado? - perguntou realmente interessado. Eu gostei do senhor Will, tirando sua grande curiosidade ele é um homem bom, pai de família e bom conselheiro.

-Estou ótima Will, estou gostando muito desta cidade e pensando em comprar uma casa, por isso vim aqui. Você sabe de alguma? - ele me olhou surpreso.

-Oh! Você vai mesmo ficar? - franzi o cenho para a pergunta - Digo, ninguém nunca fica Rafaella. Aqui não acontece nada, não tem diversão que os jovens como você gostam... O que te faz querer ficar menina? - pela primeira vez não vi curiosidade em seus olhos, bom, ao menos não só isso, ele parecia realmente impressionado.

-Aqui eu encontrei paz Will, um modo de tê-la... - me lembrei de Bianca e de como ela me confortou no dia que soube da minha família - Não quero perdê-la entende?! - não soube me expressar, não sou boa com palavras, muito menos em compartilhar coisas com outras pessoas.

-Aqui você encontrou o que sempre procurou filha?- a forma como ele me chamou me tocou, faz muito tempo que não escuto ninguém me chamar assim...

-Sim! O que sempre procurei... eu não conseguiria mais ir embora, mesmo que quisesse.- ele me olhou, sorriu e então falou

-Eu tenho uma casa que posso vender a você, ela esta velha e precisa de reformas, mas posso te vender por um bom preço e fica em um lugar lindo, próximo a um rio.

-Eu iria adorar Will! Quando posso vê-la? - estava eufórica, não esperava ser tão fácil, mesmo parecendo um lugar meio "deserto" eu não achei que seria rápido, fora o fato de achar que o tal do Diogo não facilitaria minha estadia aqui, mas acho que o senhor Will não se importa com isso.

-Espere que vou pedir a minha neta Gizelly para te levar até lá. Estou velho e não aguento andar muito e você vai gostar dela, quem sabe não viram amigas, te vejo muito sozinha querida.- sorriu e eu retribuí.

[…]

-Bom... é aqui.- Gizelly, a neta do Will me mostrou uma casa bonita, mas um tanto sofrida por fora, precisava de uma boa pintura, e tinha algumas telhas caídas, mas tinha um lindo terraço e um grande salgueiro ao lado onde pude perceber um balanço.

-Estou encantada! - não conseguia parar de rir.

-Você é estranha!- Gizelly exclamou e olhei para ela em choque, esperando ela dizer que era brincadeira, mas só vi ela me olhar com uma cara sínica de quem não retiraria o que falou.