MINHA SORTE

Meu amor

Rafaella

Doia como o inferno...Existem muitas dores pelas quais passamos na vida, a dor de um joelho ralado na infância, a dor do primeiro braço quebrado, a dor pelo primeiro amor não correspondido na adolescência, a dor da perda. Já passei por todas elas, mas nenhuma dor como essa. É sufocante não ter o poder de mudar isso porque não depende só de mim.

Eu não conseguiria mais ficar lá hoje olhando pra Bianca e pensando o quão fácil ela desistiu de nós, depois de ontem eu achei que as coisas iriam melhorar, ela tinha finalmente se aberto pra nós, mas ai vem aquele maldito ameaça-la sabe-se Deus com o que e ainda machuca-la, minha vontade é bater nele e fazer ele engolir todos os seus dentes apenas por tocar nela, mas eu não poderia fazer isso por muitos motivos e o principal é que Bianca não me deu a possibilidade de lutar por nós. Talvez ela só não goste de mim o tanto quanto eu gosto dela e assim não ache que deva ser importante. - esse pensamento levou uma dor aguda ao meu peito, como se uma faca atravessasse ele.- talvez eu deva me conformar que não sou correspondida.

Decidi ocupar minha cabeça com algo pra não enlouquecer, antes de tudo preciso me acalmar pra não fazer besteiras do tipo sair daqui e correr até Bianca, agarra-la e obriga-la a não desistir de nós, ou pior, ir até aquele imbecil e desferir alguns socos. Então resolvi pintar meu quarto, ele estava meio bagunçado ainda e sem móveis, apenas minha cama no meio, cobri ela com um plástico grande e comecei minha tarefa de esquecer Bianca Andrade, mesmo que por apenas algumas horas.

[…]

Bianca

-Estúpida, estúpida, estúpida - falava pra mim mesma enquanto andava em círculos no jardim de trás da minha casa, tinha uma pequena fonte, um banco e era cheio de flores que eu mesma cuidava, eu sempre vinha pra cá quando precisava pensar ou estava triste e nesse momento estava os dois.

Eu deixei a Rafaella ir tão fácil... Mas eu tenho medo de que ele faça realmente algo contra ela... Eu estava tão confusa, minha cabeça gritava que era a coisa certa a se fazer e meu coração doía me fazendo sentir o quão errada eu estava, de repente lembranças da noite passada começaram a aparecer em minha mente, como ela tinha sido perfeita em tudo. O restaurante, a comida e a varanda... a forma envergonhada como quis mostrar-me sua casa, a forma delicada com a qual me empurrava no balanço e principalmente a forma doce de quando me beijou, o melhor beijo da minha vida, com mais significado do que todos que eu já tinha dado antes... mas que merda eu fiz meu Deus?!

Fui desperta do meu monólogo mental com minha vó me chamando.

-Ai esta você Biazinha! Estou te chamando a horas. - ela estava sorrindo, mas parou assim que viu minha cara.- O que houve filha?

Eu não falei nada apenas corri e abracei ela como eu fazia quando era pequena.

-Oh meu amor o que houve? Onde esta aquele sorriso de hoje de manhã?- a lembrança da minha felicidade que havia sido roubada a pouco tempo de mim me fez chorar mais, ela apenas continuou me abraçando até quando me acalmei, me afastei um pouco e encarei minha vó que estava com seu olhar questionador.

-Eu a perdi vovó!- ela fez cara de confusão.- A Rafaella eu... eu a perdi. - voltou a me abraçar e afagar meus cabelos, eu realmente parecia uma criancinha novamente, mas não estava me importando com isso no momento.

-O que houve? Ela fez algo pra você?- me afastei as pressas para justificar porque ela era perfeita e eu não suportava a ideia de que os outros não pensassem assim.

-Não! Ela não fez nada, ela é perfeita. O problema sou eu...- meu olhos baixaram para um ponto fixo no chão eu estava com vergonha pela minha atitude de mais cedo.