A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)

Capítulo 3 - Pequenas Revelações

Na manhã seguinte tinha leves olheiras devido ao pesadelo, contudo, tentou não pensar muito sobre aquilo, afinal ela não queria pensar que não pertencia aquele corpo. Ela se levantou e a empregada tentou ajudar a colocar suas roupas estranhas, mas ela se confundiu e Emília, praticamente, colocou a roupa sozinha.

Onde ela está? Que lugar era aquele? Eram várias perguntas como essa que se passavam em sua cabeça. Ela estava onde estava antes? Ou era um lugar diferente? Por fim concluiu que para ter uma ideia melhor ela precisava de um mapa, um mapa mundo, ou pelo menos de onde ela estava e os lugares próximos.

Pelas roupas que Albert usava ela já deduzira que este mundo se passava numa época mais antiga, talvez a época medieval. E então outra pergunta veio a sua mente, "por que só agora eu estou com o meu próprio corpo? E as roupas daquela época?". Muitas perguntas sem respostas, e essa daí provavelmente era uma das mais difíceis de responder. Mas ela já estava decidida, primeiro o mapa, depois veria o resto, uma coisa de cada vez, não adianta tentar responder todas as perguntas de uma vez que não irá levar a nada, é como dizem, não? A pressa é a inimiga da perfeição.

Finalmente ela saiu do quarto em que estava localizada, e via um corredor ornamentado, Albert era com toda certeza um nobre e aquela era sua mansão. Passar por tudo isso de novo, ter que entender onde estava, ao menos dessa vez estava em seu próprio corpo, se é que isso realmente era uma coisa boa.

Vagando pelos corredores sem um rumo certo, pois não tinha ideia para onde estava indo, não conhecia o lugar, ela foi observando os quadros na parede. Até que ela parou para olhar um quadro que parecia com Albert só que mais jovem, viu que tinha uma mulher ao seu lado, provavelmente sua esposa, era uma linda pintura.

Ela achou umas escadas resolveu descer, era uma escadaria bem grande, deduziu que era a escada principal dessa mansão. Foi descendo devagar, utilizou o corrimão, pois além de ter se acostumado, não se sentia muito forte ainda e tinha medo de cair. Foi quando ela estava no final da escada, completamente perdida em pensamentos, sem nem realmente estar vendo muita coisa, que ouviu uma voz masculina em tom espantado:

— MINHA NOSSA! Ele disse que iria ser estranho, mas eu nunca pensei que iria ser tanto!

Emília finalmente olhava para frente, agora sem seus pensamentos a consumindo, e o que ela viu foi um homem loiro de olhos verdes, alto, com roupas de época, por assim dizer, e pareciam ter um valor alto, custoso. Mais uma vez ela deduziu que o homem à sua frente era um nobre e, provavelmente, um conhecido de Albert. Contudo, o homem à sua frente era bem mais novo, o que retirava algumas coisas de sua lista do que ele poderia ser de Albert, por fim desistiu de pensar e disse:

— Por mais que seu espanto seja justificável por causa de minhas vestes, o senhor não tem o direito de dizer isso dessa forma, ainda mais nesse tom.

Aquelas palavras primeiramente o chocaram e depois ele se perguntou como ela pode fazer uma frase até que aceitável para nobres.

— Me perdoe, bela dama, pela minha falta de educação, não quis ser rude, mas suas vestes me surpreenderam mais do que eu esperava. Peço que me perdoe mais uma vez, é um prazer em conhecê-la, meu nome é Anthony — disse ele, cortês.

— É compreensível seu espanto, por isso te perdoo, meu nome é Emília — disse ela um pouco desconfiada.

— Eu suponho que é para você as roupas da minha irmã, que meu tio pediu para trazer, sugiro que se acostume com elas por um tempo até que meu tio lhe compre roupas novas e adequadas.

— Seguirei seu conselho, não quero ouvir mais ninguém gritando surpreso, se possível.

Foi neste momento pensando em se trocar que percebeu que ela tinha andado sem rumo e sem decorar o caminho que fez do quarto até as escadas. Aquele pensamento fez sua feição mudar, escureceu um pouco, mostrando sua preocupação, o que fez Anthony reparar e dizer: