Capítulo 15 - Definições

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Emília não conseguia dormir aquela noite, ela já tinha se virado várias e várias vezes na cama, tudo porque ela não conseguia lembrar a razão da invasão que ocorreria em pouco tempo. É ruim se lembrar de detalhes que passaram tanto tempo atrás, ainda mais quando muita coisa aconteceu depois daquilo.

Foi em seus sonhos, suas vagas lembranças voltaram naquele dia tempestuoso, não que ela tenha se lembrado como tudo aconteceu, mas ela se lembrou de algo, o que já ajudava. Ela se lembrava agora o que tinha sumido, o que Sebastian ficou tão acabado por perder, daquela vez eles nunca recuperaram o que havia sido roubado. Mas desta vez ela não os deixaria roubar.

Afinal o que havia sido roubado? Era, nada mais e nada menos que o medalhão da antiga duquesa Balckwell, mãe de Sebastian. Emília nunca chegara a ver realmente o medalhão, pois ele havia sido guardado pela própria duquesa um tempo antes de morrer. E Sebastian não era do tipo de falar sobre a mãe dele, nem mesmo para Miranda o amor de sua vida. A única coisa que ela sabia era que ele amava muito a mãe, e que o medalhão era muito importante para ele.

"Uma vez o mordomo chegou a dizer que o medalhão seria meu, a futura duquesa Balckwell, na frente do duque, só queria ter visto a reação dele na época, afinal eu estava de costas para ele. As únicas pessoas que saberiam sua reação seria o mordomo e o assistente, mas eu não lembro quando isso aconteceu, se foi antes ou depois desse evento" ela pensou agora dando leves socos no travesseiro para amaciar e achar uma posição confortável.

Emília fechou os olhos mais uma vez, mas foi impedida de dormir por outro pensamento que era: "como eu vou impedir que o roubo aconteça?". Isso lhe causou mais algumas voltas pela cama, e sem sucesso para dormir, a preocupação e os problemas estavam tomando conta de sua mente. Ela chegou a pensar naquela noite que duvidava que conseguisse dormir, mas o que adiantava pensar em algo agora sem descansar, uma cabeça descansada pensa melhor. Porém parecia que sua mente não concordava com esse pensamento, fazia um tempo desde que ficava com tanta insônia como naquela noite.

Ela só adormeceu bem mais tarde, quando o seu cansaço venceu o nervosismo e a ansiedade, quando o cansaço venceu até mesmo o medo. Porém no dia seguinte acordar foi um sacrifício de tão cansada que estava. O problema agora era se ela falava sobre isso com seu pai, Albert, o certo talvez seria, não queria se meter em confusão de novo e arranjar problema para ele. Ela tinha medo que acabasse sendo, quem sabe, presa de novo e Albert tivesse que dar um jeito nisso.

Depois de muito pensar durante o tempo que trocava de roupa e se arrumava para tomar café da manhã, ela decidiu que o certo ali seria falar com Albert, pedir a opinião dele. Afinal, ainda tinha a chance de nada disso acontecer, pois ela já tinha mudado o passado, mas ter um plano para caso algo der errado nunca é demais.

— Bom dia, minha filha! — disse Albert animado.

— Bom dia, meu pai — disse ela abrindo um sorriso e nesse momento o sorriso dele cessou. Ela se assustou, será que ela não devia tê-lo chamado de pai?

— Finalmente — disse ele deixando lágrimas se formarem em seus olhos — eu estava ansioso por esse momento, eu sabia que podia nunca chegar, mas chegou, estou tão feliz, você finalmente me chamou de pai.

Emília suspirou de alívio, por um instante tinha ficado com medo da reação do pai. Iniciaram o café da manhã conversando de vários assuntos diversificados, Emília com o seu susto acabou por não esquecer o que tinha ido falar, pelo menos até mais tarde ainda durante o café da manhã.

— Pai — ela o chamou.

— Sim?

— Tem algo que eu me lembrei a pouco tempo que pode não necessariamente acontecer, mas aconteceu uma vez.

A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora