Sebastian entrou no escritório sem nem reparar a expressão de interrogação do assistente, que estranhou ele entrar sem comentar nada sobre o dia. O duque se sentou na cadeira de sua escrivaninha e se virou para trás olhando para janela em direção onde Emília sempre sentava. Ainda borbulhava em pensamentos, sua cabeça não parava de rodopiar de um evento para o outro, "ao menos ela ainda irá comigo na próxima ida à biblioteca" pensou ele que sentia um alívio com a resposta dela. O que ele sentia por Emília? Por que ele sentia-se assim com Emília? Ele se perguntava, mesmo já sabendo da resposta. Ele não queria admitir o que sentia, por que Emília e Miranda por vezes pareciam ser a mesma pessoa? Ele se martirizava pensando nessa pergunta, até que ela simplesmente escapuliu de sua boca:
— Por que Emília e Miranda parecem a mesma pessoa? Por que mais de uma vez senti que são a mesma pessoa?
O assistente, que não esperava nem um pouco por essa pergunta, fez uma cara de espanto que não passou imperceptível.
— Eu sei que a pergunta é ridícula.
O duque ficou cabisbaixo enquanto o assistente procurava as palavras certas para responder a pergunta sem causar problemas depois tanto para ele quanto para Emília.
— Eu diria que concordo que elas são extremamente parecidas, se não tivesse visto elas em corpos diferentes diria que eram a mesma pessoa.
— Então você concorda com a minha fala, por mais louca que ela pareça ser?
— Sim, eu concordo, também vejo Miranda em Emília por mais que seus cabelos e olhos sejam de cores diferentes, e que suas feições, por mais que delicadas em ambas, também sejam diferentes. Ela diz coisas que Miranda diria ou já até mesmo disse, ela tem as ações de Miranda, é como se ela fosse Miranda e não soubéssemos.
O assistente havia dito de forma esplêndida, pois aquilo realmente confortara o duque. Aquelas palavras mostravam que ele não estava louco e que era perceptível para qualquer um. Era até inacreditável que se sentia tão aliviado desde que começou a pensar dessa maneira, finalmente sentia-se calmo, queria até ter perguntado antes para seu grande amigo e assistente, talvez seu coração não tivesse sofrido tanto. E agora ele lembrava da cena, se contava ou não que quase beijara Emília, e que agora até se arrependia mais ainda de não tê-lo feito.
Ele pensou por um breve momento, então decidiu, se alguém pudesse entender o que ele havia passado era esse homem à sua frente, seu grande amigo e companheiro desde a infância. Sem contar que decidiu ficar com ele como assistente para auxiliar o ducado, ele sentiu que se alguém pudesse ouvir seu desabafo, como ele fazia com Miranda, era ele.
— Tem mais uma coisa que eu preciso te contar... — ele mordeu os lábios — eu quase beijei Emília hoje na biblioteca.
Primeiro o assistente só demonstrou seu espanto abrindo a boca e arregalando os olhos pensando: "Emília deve estar muito feliz". Então depois de um breve raciocínio perguntou:
— Então me conte como foi isso e por que foi só um quase?
— Bom — Sebastian contou tudo, inclusive seus pensamentos sobre o que aconteceu, durante o que aconteceu. — Acho que se ela não tivesse virado o rosto na hora, eu nem teria percebido o que eu estava fazendo e teria feito, sem pensar duas vezes. O pior foi meu pensamento de desapontamento sobre o que aconteceu, por ela ter virado o rosto — explicou ele em tom indignado.
— Então, o que você pensa em fazer agora?
— Eu não tenho certeza, afinal... — ele olhou novamente para janela e respirou fundo — eu estava procurando por Miranda.
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A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)
RomanceEmília só tinha certeza de uma coisa, que nunca esqueceria a expressão de seu amado no dia de sua morte. Começou de novo, mas nem tudo acontece como ela imaginava. Será que Emília conseguirá arrumar o futuro? Será que ela será escolhida por seu amad...