A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)

Capítulo 7 - Etiqueta e Dança

Se aquilo fosse verdade ela precisava ir vê-lo dizer que está bem, dizer que está viva, ele estava sofrendo sozinho a morte dela. Mas é claro que nem tudo é fácil, era óbvio que existiam vários empecilhos no caminho dela, e o primeiro e mais importante era que ela não estava mais no corpo de Miranda e sim em seu próprio, não tinha como ele a reconhecer, teria? É lógico que ela tinha esperança que ele a reconhecesse, outro problema era ir até lá, ela não tinha dinheiro e era chato ficar pedindo ao seu pai adotivo por dinheiro. O outro problema era como ela sequer chegaria perto da mansão de seu amado, ele era duque, e ela se lembrava muito bem que a segurança dele da mansão era ótima. Mas os problemas não acabavam aí, como ela convenceria ele que era ela sem parecer que estava caçoando da morte dela. Ele provavelmente estaria de luto e não seria muito receptivo por nada.

Suas lágrimas cessaram, por mais que doía pensar que estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo, e que ele estaria sofrendo, agora ela via uma esperança que achava que não tinha mais. Era uma luz no fim do túnel, finalmente poderia sair daquela escuridão, até seus pensamentos clarearam junto com sua visão.

Guardou tudo e se jogou na cama, ela iria se agarrar com todas as forças naquele fio de esperança e não iria soltar por nada. Fechou os olhos e até seus pesadelos, que por mais que ainda os tivesse, não foram tantos naquela noite, o resquício, pequeno pedaço de esperança estava sendo tudo para ela.

***

No dia seguinte sentia que iria ter que falar sobre isso com Albert, perguntar as coisas e tirar a dúvida. Mas a vontade era de sair correndo pela porta e ir em busca de seu amado que deveria estar sofrendo muito com a sua morte. Contudo essa ilusão ia embora no momento em que se olhava no espelho, o que adiantava ir até lá agora com seus cabelos mais escuros do que a própria escuridão, seus olhos não eram mais claros como o de Miranda. Ele nunca a reconheceria, mas em seu coração ela se perguntava: "se fosse verdadeiro amor, ele me reconheceria, não?", mas essa era uma das poucas perguntas que ela tinha resposta.

Durante o café da manhã pegava em seu cabelo para olhar a cor várias vezes, aquela era ela, a verdadeira ela, isso não era dúvida, mas agora era estranho depois de tanto tempo com o cabelo loiro de Miranda.

Anthony mais uma vez a acompanhava no café da manhã, mas não estava observando ela com tanto afinco como nos outros dias, parecia pensar profundamente em algo.

Durante a manhã, ela voltou a olhar para o mapa, às vezes estava com sono e não viu direito a região ou o que estava escrito. Porém foi em vão, estava tudo exatamente do jeito que ela tinha visto na noite passada, ela não tinha se enganado. As horas passaram rapidamente e era hora do almoço, Albert estava a mesa desta vez, a hora era agora.

— Desculpa a pergunta, mas tem um lugar que eu vi no mapa e eu gostaria de confirmar com vocês.

— Diga querida, se for sobre o processo de adoção agora falta só mais algumas papeladas — contou Albert.

— Eu vi no mapa um ducado chamado Rennard, vocês sabem dele?

— É claro! — exclamou Anthony.

— Conheço o lugar sim, inclusive já fui lá algumas vezes, mas faz alguns anos que não vou, fazíamos alguns negócios juntos, só que eu fiquei mais velho e agora fazemos boa parte dos nossos negócios por carta e de vez em quando ele vem aqui.

— Por acaso o nome do duque deste ducado é Sebastian V. Rennard? — Para aqueles que acham essa pergunta desnecessária, ela foi feita para se assegurar de que não tinha caído muito depois da existência de Sebastian e para ter certeza do lugar que era.

— É ele mesmo, sempre foi ótimo de fazer negócios, mas posso te perguntar como você sabe dele? — perguntou Albert curioso.

— Só mais uma pergunta e eu respondo a sua, no momento ele está em seus 20 e poucos anos?