A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)

Capítulo 38 - A Volta

Naquele momento o mundo de Emília caiu, todos seus medos vieram à tona, ela simplesmente não queria ver o que tinha visto. De todas as possibilidades que ela havia criado, essa era sem dúvida uma que ela nem havia chegado a imaginar. Ela não podia fazer nada além do que fez.

— Com licença, poderia parar um pouco antes? Eu vou andando até a mansão em anexo, afinal quase já passamos por ela — disse Emília se segurando para não chorar ali mesmo.

— Claro — respondeu o assistente e imediatamente fez com que parecessem a carruagem.

— Tchau — ela disse — até a próxima.

Mas o duque nem sequer respondeu, ele estava em choque, como Emília, ele não viu isso vindo, mesmo que soubesse que ela estava se preparando para voltar em nenhum momento ele pensou que seria naquele dia. O assistente sabia que ele iria se arrepender no futuro de não ter falado com Emília.

Emília saiu da carruagem desapontada, um pouco triste, mas com a cabeça erguida fingindo que nada a tinha afetado, como a afetou. Ela entrou olhou a mansão à procura de Albert, sem procurar em alguns lugares que ela não achava que ele estaria, então após não encontrá-lo, ela foi para o quarto, onde pediu para todas as empregadas se retirarem, sentou na cama e lágrimas começaram a cair, aquilo era uma sensação horrível de medo.

Todas suas dúvidas vieram à tona, agora seu maior medo era se ele iria escolher Miranda e não ela, as chances eram grandes de ela perder essa batalha, ela admitia para si, por mais que doesse. Lágrimas caíram molhando a suas vestes e mais lágrimas escorriam molhando seu rosto, doía muito, mas ela não podia fazer nada, ela nem sequer sabia se poderia ganhar essa competição, se é que era uma competição, parecia que já tinha perdido. Ele foi correndo ver Miranda sem sequer dar tchau, sem sequer a olhar em seu rosto, sem sequer falar qualquer coisa, ele não precisaria mais ir na biblioteca agora que Miranda estava de volta, e Emília já havia encontrado o que mais tinha dúvida na biblioteca. Quando eles iriam se encontrar de novo? Eles iriam se falar como antes? Eles conseguiriam se olhar nos olhos?

Ela não tinha resposta alguma, só seu coração partido que sua cabeça tentava remendar com pensamentos que ela nem devia ter, como: "ele só esqueceu de você naquele momento pelo choque de ver Miranda, que estava desaparecida, ele vai voltar a falar com você. É só porque ela tinha desaparecido". Mas Emília tinha a sensação de que aquela era uma batalha perdida, era uma batalha que seus esforços seriam inúteis, mas ela não desistiria só por causa disso, por mais que a luta parecesse impossível.

***

Sebastian não conseguia tirar os olhos dela, de Miranda, que estava sentada num local que ela não sentaria e aquilo parecia o incomodar, pois ele continuava a se perguntar "mas, se ela é Miranda, por que ela não está sentada no local que ela gostava de se sentar no jardim?". Aquele pensamento o incomodava, era como se ele tentasse arranjar uma desculpa para que aquela diante de seus olhos não fosse Miranda, era como se ele quisesse que ela não fosse para poder ficar com Emília.

— O que vai fazer? — perguntou o assistente.

— No momento, rezar.

— E depois?

— Depois terei que conversar com ela, e ouvir o que ela tem para falar sobre o que aconteceu e o porquê de ela ter demorado tanto para voltar.

— Você tem certeza que quer saber? Sabe ela parece que está com outra personalidade quando chegou e sinceramente acho que tem chances de ela mentir na sua cara.

— Olha, querer querer, eu não quero, mas eu me sinto obrigado.

— Tem certeza? Eu posso espalhar que Miranda usou um artefato para te enfeitiçar e daí dizemos que você nunca amou ela e você pode ficar com Emília.