Capítulo 20 - Interrogatório

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— Sim, obrigada por perguntar.

— Ele te fez alguma pergunta estranha?

— Não — disse ela pensando "tecnicamente sim, mas isso não vem ao caso".

— Eu não tive a oportunidade de te agradecer ainda, então vim aqui para lhe agradecer mais uma vez pessoalmente, se não fosse por você só Deus saberia o que poderia ter acontecido. Saiba que realmente estou muito grato.

— Fico feliz que no final deu tudo certo.

— E peço desculpas novamente pela falta de habilidade de nossos cavaleiros e minha aqui do ducado por não ter percebido antes da senhorita e não podido ter prevenido um possível trauma que podemos ter lhe causado.

— Fique tranquilo, não me causou nenhum trauma, eu estou bem, mas muito obrigada por vir pessoalmente me dizer isso. E já que já veio até aqui, Vossa Excelência, gostaria de almoçar comigo e com meu pai?

— Ficaria lisonjeado.

— Então, vamos?

— Vamos, a senhorita permite que eu a acompanhe?

— Com todo o prazer. — E assim os dois foram andando juntos.

Mas o que aconteceu? Por que ele não foi até onde ela estava sentada? No momento em que ele chegou lá ele percebeu reações em cima de reações, e ao invés de querer parar o que quer que estivesse acontecendo, ele resolveu tentar ouvir. Contudo, sua tentativa foi em vão, no final ele só conseguiu observar os dois sem entender nada. Então após fazer algumas perguntas a ela, viu que ela escondia o que realmente os dois tinham conversado o deixando ainda mais curioso, porém decidiu que não iria perguntar mais afinal certamente que seu assistente e grande amigo iria contar toda a história para ele depois.

***

Eles chegaram para comer juntos o que assustou um pouco o Albert, mas depois do que ele havia ouvido das criadas nada mais parecia impossível. Ele pensava que as coisas estavam finalmente melhorando para Emília. Durante o almoço o duque observou Emília e mais uma vez viu as mesmas manias que Miranda tinha na mesa, apesar de que a etiqueta de Miranda na mesa era um pouco melhor do que a de Emília.

Contudo, a maior parte da conversa na mesa foi em um assunto que ela em si não entendia muita coisa, sendo assim, ela era impedida de opinar, pois se comentasse sobre algo que não entendia, só passaria vergonha. Então ela passou a maior parte do tempo sorrindo e fingindo que prestava atenção.

Por causa disso o duque que a observava disfarçadamente viu mais uma vez algo que Miranda fazia sempre, que era fingir que entendia alguma coisa quando ele estava discutindo negócios com os amigos. Assim, ela não entendia porque não era a área dela, o que ele trabalhava, para ela, era complicado de entender, porém quando era a área dela ele quem tinha dificuldade de entender e quando ele conseguia entender era como se ele tivesse aberto a mente dele. Ele sentia-se incrível quando coisas assim aconteciam e ele via, sempre via, o quão incrível e maravilhosa ela, Miranda, era. O que o fazia pensar que se ela quisesse e prestasse atenção ela entenderia perfeitamente com que ele trabalhava e sem dúvidas poderia ajudá-lo.

Vendo que ela não estava se dando muito bem no assunto, o próprio duque resolveu discutir sobre algo que ela poderia opinar. Foi assim que mais uma vez ele não conseguiu deixar de pensar o quão eram parecidas. O assunto não era nada complicado, era um pouco de empreendedorismo, e para alguém que tinha terminado o ensino médio e fazia faculdade e mais já tinha pego disciplinas relacionadas a isso, ela pode falar de forma exemplar, e finalmente não se sentiu um peixe fora d'água.

A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora