Capítulo 56 - O Relatório

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Emília respirou fundo, ela sabia que não podia aguardar isso para ela, era melhor que ele soubesse, e cedo ou tarde era capaz que ele mesmo, seu ex, acabar contando. Olhou para ele mordendo o lábio inferior, mas começou a falar:

— Eu e ele nos conhecemos desde o fundamental dois, escola no Brasil que começa a partir dos 11 anos, todos precisam ir, a não ser que queira que o conselho tutelar bata na porta. Sendo assim eu conheço ele mais ou menos desde que eu tinha 13, não éramos da mesma sala antes disso, mas começamos a conversar bem pouco no ensino médio, que é o que vem depois do fundamental 2. Eu comecei a, meio que, gostar ele, mas resolvi esquecer esses sentimentos. Então terminamos o ensino médio, e fizemos vestibular para tentar entrar em uma faculdade, a partir daqui não tem nada obrigatório. Você faz se quiser, e isso pode proporcionar um emprego melhor, consequentemente também uma melhor vida.

"Só que foi na faculdade, a qual passamos na mesma, que ele também começou a mostrar interesse por mim. Logo eu já tinha um namorado novo, no começo eram só rosas, ele era fofo, a vida estava ótima. Então eu descobri, não vi, não fui testemunha ocular, mas eu ouvi lá na minha faculdade que ele estava ficando com outra, o pior foi eu não já mandá-lo embora. Ok, continuamos a namorar, eu sabia que ele já tinha ficado com outras e agora estava provavelmente me trocando por outra, e mesmo assim eu não desisti dele, eu queria conseguir mudá-lo, e eu acreditando que era o amor da vida dele e que daria certo, até que então aconteceu uma coisa terrível. Meu pai era policial, eu aprendi a atirar por causa dele, por isso eu escolhi a besta, afinal é o mais próximo da arma de fogo no momento. Sério neste planeta temos artefatos e umas coisas bem loucas, só que não tem as tecnologias desenvolvidas igual da onde veio, aqui não tem uma edição tão forte".

Ela respirou fundo, precisava estar preparada para contar o que precisava contar, ela nem sequer sabia se realmente queria revelar o que estava prestes a falar. Vendo ela hesitando e com medo de contar, ele e pegou a mão dela e deu um beijo em sua mão, mostrando que não estava sozinha.

— Mas... — ela hesitou mais uma vez então respirou fundo e continuou — alguns dias antes de eu vir parar aqui... eu terminei com ele, meu pai era policial e eu nunca sei o que ele podia enfrentar, mas estava sempre arriscando a vida dele. Até que um dia eu tive a notícia, essa notícia horrível...

— Não precisa falar se não quiser — Sebastian disse ainda segurando a mão dela.

— Nesse dia eu precisava de alguém, alguém para me consolar, para me abraçar e dizer que tudo iria ficar bem, era tudo que eu queria, era tudo que eu precisava naquele momento. Eu liguei para ele, meu ex-namorado, em busca do conforto e de um ombro amigo para chorar, só isso, ele ainda era meu namorado até aí. Meu pai ainda estava no hospital, eu tinha que ir para lá, mas eu estava em portugal o voo para ir ao Brasil não era fácil de conseguir. Então eu liguei para a pessoa que eu achei que fosse me consolar, mas nas primeiras três ligações ele sequer atendeu...

— Desculpe a pergunta, mas o que é ligações?

— Ah é, aqui não tem telefone celular como lá. Nós tínhamos celulares, dispositivos tecnológicos que permitiam que nós ligássemos para outras pessoas e falássemos com elas, sem o uso de nenhum tipo de magia.

— Incrível, agora pode continuar.

— Bom eu liguei para eles várias e várias vezes, mas ele não me atendeu, até que sei lá em quantas ligações perdidas já tinha ele atendeu, e perguntou de maneira rude "o que foi?". Eu contei a ele o que tinha acontecido com meu pai, e ele me disse "sério, você me ligou para isso?" Então eu ouvi a voz de uma mulher perguntando quem era, ele respondeu "Só uma chata que não sabe curtir a vida", a mulher no telefone riu. Eu lembro claramente desse dia.

A Dama de Cabelos Pretos (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora