Capítulo dez

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O primeiro passo
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Um tempo havia se passado, um mês para ser exato. Nesse mês inteiro minha rotina se resumia em estudar, lidar com um cavalo que agora era dócil como deveria ser, e dormir. Tinha noção de que seria assim, mudar de unidade foi uma boa escolha até o momento, percebi que pelo fato de ter a rotina cheia, não tinha tempo para ficar girando em torno de problemas inexistentes. Percebi ao longo do tempo de que o cavalo que treinava comigo era, de fato, fora do comum, uma vez que ouvi de soldados que os cavalos da tropa de exploração são especiais, eles deveriam ser dóceis e calmos, e não como o próprio demônio que lidei no começo; recebi ajuda e até conselhos, assim, tudo entrou nos eixos e, agora, poderíamos sair livremente pelas muralhas a fora. Todos os dias de treinamento eram cansativos, mas de certa forma, era diversão garantida junto de todos que estavam ali e que já podia até chamar de amigos. Nunca pensei que faria amizades e agora estava ali, pronta para explorar parte do mundo ao lado de Sasha, que estava posicionada próximo a mim na formação.

A ansiedade que corria junto ao sangue em minhas veias me impedia de pensar como uma pessoa normal, era uma mistura de medo com empolgação, indiretamente sabia sim o que tanto antecipava, pensei que o universo seria generoso e me daria uma morte rápida. Estava próximo ao cavalo, que apoiou levemente sua cabeça em meu ombro para receber carinho; apenas esperando novas ordens, todos se preparavam para a expedição, depois de tanto tempo, finalmente íamos pôr em prática tudo que aprendemos.
- Nos demos tão bem em pouco tempo, Zakia. Quem diria que você se tornaria um bichinho calmo, né? - Disse ao bicho, outra vez como se ele fosse responder, resolvi dar a ele um nome também.

- Falando com o cavalo de novo, Raven? - A voz de Sasha entrou em meus ouvidos, me causando um leve susto, apenas sorri em resposta.

- Ele é o único que não julga por aqui. - Falei, recebendo uma risada como resposta. - Você comeu? Tá ansiosa?

- Óbvio que comi, o Connie me deu o resto da comida dele também, tava incrível, todo o sabor e...

- Que bom! Como você tá se sentindo?

- Estou nervosa, estou sentindo ânsia mas eu me RECUSO a vomitar.

- Porque você é assim? - Respondi enquanto ria mais do que deveria da revolta da menina.

Me soltei do cavalo e andei lentamente em direção ao quartel, sendo parada na metade do caminho por ninguém menos que Irina e a sua mania de agarrar meu braço em vez de chamar meu nome.
- E aí, baixinha. Como tá se sentindo?

- Baixinha é o teu passado. Eu tô suave, e você? Tá com medo?

- Medo? Eu? Como ousa dizer isso de mim? Eu ando na selva braba, eu rio da cara do perigo. - Irina respondeu enquanto flexionava seus braços como um sinal de força e superioridade.

- Aham, vamos ver quem ri por último, ôh, engraçadinha. Você tá claramente nervosa.

- Ai, eu tô mesmo. Nunca quis estar aqui e olha agora, tô prestes a sair por aí oferecendo meu rabinho suculento pra um bando de gigantes comer. - Irina respondeu enquanto abaixou seu tom, em um quase falso desespero, ela agarrou minha blusa e colocou sua cabeça em meu peito. Apenas dei tapinhas nas costas da menina, sabendo de como ela era ainda mais dramática que eu em determinadas ocasiões.

- Tá tudo bem, você não é a mais suculenta de todos. E você tá em uma posição quase privilegiada, não vai ter que lidar tanto assim com o perigo.

- MESMO ASSIM É ARRISCADO, E SE EU MORRER? - Ela soltou de minha blusa e começou a gritar.

- VOCÊ DEVERIA TER PENSADO NISSO ANTES, AGORA É TARDE, SUA IDIOTA DE BAIXA QUALIDADE. - Respondi ao grito da menina, percebendo os olhos das pessoas que se preparavam para a expedição ao redor. - E não fica gritando assim não, parece doida.

Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora