Capítulo sete

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Dedique seu coração
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Me levantei da minha cama no meio da noite, Nifa parecia estar cansada ou em um sono profundo, era um descanso digno. Saindo da enfermaria, fui até a parte de trás do local, como fazia em qualquer lugar que estivesse. Sentei-me em um caixote que tinha ali próximo e assim me dei a chance de olhar para o céu noturno, estrelado, com metade da lua à mostra. O vento passava em meu cabelo e nas partes expostas de minha pele, deixando uma linha tênue entre a frieza e o aconchego. Naquela noite o que me restava era apreciar a vista que tinha, por um tempo, e em seguida voltar ao sono. E assim o fiz, estava quase amanhecendo quando retornei ao quarto e adormeci novamente. Mal conseguia pensar na fonte de tanto sono.

Algum tempo havia se passado depois do julgamento, sem muitos acontecimentos além da tentativa de voltar a viver uma vida normal. Passaram-se dois dias, pareciam semanas. Hoje seria o dia em que o que restou dos soldados recém-formados fossem designados às suas unidades. Viver um dia como esse novamente não era a melhor das coisas, pelo menos não para mim. Mas ao menos uma coisa me mantinha um pouco esperançosa, o fato de que logo tiraria a sutura de meu rosto, assim, chamaria menos atenção. Por hoje, ouvi que a tropa faria seu anúncio, não era nada próximo de boas-vindas, era algo como a conscientização. Decidi que iria junto aos soldados, como se não fosse nada, de fato não era. Queria ouvir o que tinham para falar ali também, além de que todos seriam possíveis suicidas. Ir no caminho da morte parecia muito tentador, muitas coisas na minha cabeça tentavam me convencer de que era o melhor para mim: a deliciosa chance de morrer cedo e rápido. Depois de ter passado metade do dia sem fazer nada além de olhar para o tempo, esse período de recuperação parecia estar mexendo seriamente com meus ânimos, mal consigo me lembrar a última vez que senti vontade de fazer alguma coisa. A tarde estava caindo quando me direcionei ao banheiro, tudo que precisava era de um banho, mas meus cortes me impediam, além do quanto estava cômodo assim. A única coisa que me incomodava era ter que ficar com o cabelo preso, pois o mesmo permanecia sujo. Me olhei no espelho, novamente sem saber o que estava ali. Naquele momento decidi que iria evitar espelhos. Lavei minhas mãos, sequei e pressionei as mesmas agora geladas em meu rosto, numa tentativa de me acordar.

Saindo do banheiro, segui para fora do local, sem ao menos encontrar alguém no caminho, apenas segui para o lugar em que comumente faziam anúncios em relação ao exército, no caminho pude observar alguns novos rostos, todos com o uniforme característico, seguindo em direção ao mesmo lugar, com rostos amedrontados, outros confiantes. Andei com minhas mãos em meu bolso, sentindo um leve frio. Chegando ao local, pude notar como parecia algo que as pessoas não usavam com frequência; um palco grande e espaço suficiente para bastante gente assistir. Me misturei em meio à multidão, quando finalmente chegamos ao local. Provavelmente seria só o Reconhecimento ali anunciando algo. O mesmo homem do dia do julgamento estava lá, o comandante. Ele tinha uma voz autoritária, chamava tanta atenção que cheguei a me questionar se o volume dessa voz era algo humanamente normal ou possível. Ele seguiu com seu anúncio, falando nada além da verdade sobre o que seria daqui para frente caso escolhessem esse destino.

"Eu sou Erwin Smith, capitão da Tropa de Exploração. Recebi esse título e o encargo de sua majestade. Como hoje, os senhores irão escolher para qual setor irão servir, irei explicar sobre a tropa de exploração. Mas graças aos atentados sofridos recentemente, os senhores já têm uma noção básica de como funciona. É um caso totalmente inédito, nunca recrutas passaram por esse tipo de experiência. Os senhores já devem ter sentido o terror dos titãs. E devem ter sentido como a força de vocês é inútil. Podemos ter perdido muito nessa luta, mas a humanidade avançou para a vitória como nunca antes. [...]"

Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora