Capítulo vinte e um

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Pequena fonte de felicidade
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* Aviso de gatilho para: homofobia implícita nos próximos capítulos.*

Cadeiras vazias e melancolia evidente me faziam querer sair dali o mais rápido possível. Eve ainda não apareceu, eu sentava em uma mesa para três apenas com Irina ao meu lado. Havia outra cadeira vazia também, mais à frente. Erwin era claramente uma lacuna que nunca seria preenchida; talvez naquele momento eu estivesse mais ciente disso do que nunca. Sua vida teve um preço bastante caro, impossível de ser calculado. Sasha também não estava presente, por estar machucada. A presença da rainha Historia certamente me causava estranheza, a conheci como seu antigo eu e, observá-la detentora de tanto poder era algo novo. Era difícil descrever a tristeza e o cansaço no olhar na garota, que parecia ainda tão jovem para governar uma sociedade tão grande; mas todos confiavam nela, inclusive eu.

E claro, a parte de minha vida que agora faz parte do que penso por quase todo tempo... Haviam passado três dias desde de que agora tinha a certeza de que não estaria mais sozinha. Ocasionalmente, a mulher que também tenho a honra de chamar de minha, não teria muito tempo para passar ao meu lado: meu cargo de namorada veio junto com o seu de comandante. Era realmente sério. O que por mais que fosse um fato recente, estarmos juntas ainda me assustava, porém estava ciente de que seria assim e naquele momento, apenas saber que poderia contar com alguém tão forte era suficiente para aquietar minha mente. O tempo que tínhamos para passarmos juntas naquela semana foi reduzido a pouquíssimas horas de descanso e sono mas, apenas de sentir o calor amoroso e humano daquele ser que tanto me encantava, era mais que suficiente; ela passou as últimas noites e dias resolvendo diversas papeladas e estudando também, o que parecia deixá-la feliz ou ao menos distraída.

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Aquilo era como uma cama enorme para mim, era ainda mais confortável do que a cama que estava no meu quarto, na verdade. Estava entre uma coberta e o acolchoado do sofá, sozinha, para muito de minha infelicidade, minha tão amada não tinha tempo nem para dormir mas, estar no mesmo cômodo que ela era confortante para mim: saber que éramos recíprocas na maioria das coisas agora também era confortante.

Havia um tempo que estava deitada encarando o encosto do sofá, sem me mexer muito, apenas tentando dormir, era difícil como sempre foi. Mas o cansaço era tanto que não pude evitar, queria fazê-la companhia mas mal conseguia manter meus olhos abertos; um soluço praticamente engolido adentrou meus ouvidos, mesmo que a intenção provavelmente fosse não fazer ruídos, essa mesma foi em vão. Apesar do sono, não pude evitar a preocupação, ouvi algumas fungadas também. Era difícil entender e distinguir, entretanto parecia bem real. Me virei como se ainda estivesse dormindo, me espreguiçando, abri lentamente meus olhos, para ter uma das piores visões possíveis, ao menos para mim, a tristeza não lhe caía bem.

Me sentei, colocando a coberta em meus ombros e mantendo a mesma em meu corpo, levantando e tropeçando no processo, com sorte não caí, mas por muito pouco.
- Eu te acordei? - Sua voz baixa e levemente trêmula me causava dores físicas.

- Não. Eu não consegui dormir. - Falei, me aproximando dela, que afastou sua cadeira da mesa para me dar espaço. - Você precisa conversar? - Parei ao seu lado, olhando para a mesma, ansiosa por seu toque antes mesmo de ter a certeza de que receberia algum.

- Não. - Ela me puxou violentamente, talvez não fosse sua intenção; afastando seus papéis e livros na mesa, fazendo questão de que estivesse confortável após me levantar e me fazer sentar na mesa, em sua frente.

Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora