Pallor Mortis
━━━━━━━━━━━━━━━━━[Do latim "Pallor" significando palidez e "mortis" da morte ou cadavérica. É o primeiro estágio da decomposição.]
Só mais um, não entre tantos outros nossos, mas era doloroso. Não um qualquer mas, sim, outra das pessoas que significavam para mim. Minha mente me deixava burra; era óbvio que isso aconteceria uma hora ou outra. Mas nunca quer dizer que estaríamos preparados para perder alguém. Não era a primeira vez e não seria a última. Todas doem em proporções diferentes e é assustador. Essa imagem continua se repetindo em minha mente. Quem diria que um pedaço de ferro poderia tirar metade da pouca felicidade que já tinha.
Em meio a um daqueles campos onde tudo que se via era a grama se mexendo junto ao vento, meu cabelo que agora já estava grande o suficiente para que, ao balançar com o vento, deixasse minha visão impedida. Conseguia sentir a grama pinicando em minha perna enquanto me mantive sentada, com receio de que perdesse o equilíbrio depois de perder o mesmo em minha vida quase toda. Achei que já não tinha mais lágrimas para chorar, até que elas estavam ali, praticamente regando a então grama. Meus olhos mal piscavam ou talvez piscavam sem eu ao menos perceber. Certamente minha expressão estaria tão sem vida quanto a de algumas pessoas ali. Mais uma vez eu estaria voltando para casa, para um vazio completo.
Naquele campo, estavam todos que sobreviveram. Algumas das pessoas de dentro das muralhas ajudaram; Eve demorou a ser retirada de dentro do dirigível. Irina se recusava a deixá-la ir e para minha surpresa, Irina parecia calma demais. Falava que não sairia de lá com uma expressão tão séria que amedrontava qualquer um. Após um tempo, Jean a convenceu de finalmente sair dali.
Me levantei quando vi que estavam todos finalmente andando em direção à muralha. Com sorte, já estava sem os equipamentos. Logo dei de cara diretamente com Irina; seu lábio inferior tremia assim que nossos olhos se encontraram, suas sobrancelhas se franziam ao ponto de quase se encostarem, mas, mesmo com tudo isso, não consegui ver as lágrimas se formando em seus olhos, não deu tempo. Ela correu até mim como se eu fosse algo parecido com um porto seguro. Talvez eu fosse sim a única pessoa que estava próximo de entender o que ela sentia, mas ainda estava tremendamente distante. Não conseguia consolar ninguém naquele momento, até porque nem conseguia pensar de forma racional.
- O que a gente vai fazer agora? - Irina falou, baixo, praticamente em meu ouvido. Ela me apertava como se eu fosse escapar a qualquer momento, enquanto eu tentava retribuir mas não encontrava forças para tal ato.- Irina, eu... - Respirei fundo, com a voz trêmula que chegava a ser difícil entender.
- Desculpa. Foi uma pergunta idiota. - Ela falou, com sorte, não me deixando responder.
- Não foi. Não que eu saiba o que fazer mas, a gente vai descobrir. - Assegurei de que ela não estaria sozinha nesta situação, o que ela provavelmente entendeu.
Voltamos a andar, Irina se manteve ao meu lado e Jean do lado da menina, ele estava próximo ao Connie também; vendo o luto e a tristeza nos olhos de tanta gente fazia com que me sentisse estúpida por estar sentindo tanta dor, quando não era a única em meio a uma multidão considerável.
Passei pela mulher gigante. Parecia um titã no meu ponto de vista. Seu cabelo loiro e bem cortado acentuava bem seu rosto que quase sempre mantinha uma expressão peculiar. Ela fazia muito contato visual em minha direção, quase sempre e isso me deixava desconfortável.
- Eu sinto muito, Irina. - Hanji se aproximou falando, baixo, rapidamente ela estava ao meu lado e fazendo questão de segurar minha mão enquanto a outra segurava o ombro de Irina. Irina logo a respondeu com uma pequena curvatura em sua boca.
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Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OC
FanfictionNada iria como planejado, nesse caso, o tempo realmente sabia o que estava fazendo ao juntar duas pessoas que foram em busca de entender o que são todos esses sentimentos e como lidar com isso. ❝Confrontando todos meus pensamentos por acreditar, co...