Capítulo oito

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O que você sabe sobre amor?
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            Finalmente tive a oportunidade de tirar toda a sujeira que estava grudada em mim há dias. Precisava ser um banho rápido, em uma cabine isolada, apenas com receio de estar a mercê em um lugar cheio de desconhecidos; mas a forma que a água tocava lentamente cada parte machucada e dolorida de meu corpo fazia com que quisesse que esse momento nunca acabasse. Finalmente pude lavar o cabelo, observando a água suja que saia do mesmo, devido a quantidade de poeira e sangue seco, além dos nós que se mantiveram devido a todo esse tempo amarrado. Com meus dedos e um pouco do mesmo sabão que usava para o corpo, lavei o cabelo delicadamente, desfazendo os nós e limpando também. Desligando o chuveiro, usei uma toalha para me secar e em seguida, vesti uma blusa velha que encontrei no meu antigo quarto quando fui buscar os meus poucos pertences no lugar que ficava antes. Era uma blusa muito maior que meu corpo, a cor era um cinza escuro que parecia sujo. A vesti juntamente com uma calça qualquer, em seguida coloquei a toalha enrolada no cabelo e segui para fora do banheiro, andando pelos corredores até meu novo quarto.

            Hoje foi o primeiro dia do treinamento com cavalos e apresentação de técnicas, o dia estava chegando ao fim, a lua já estava em seu auge; assim como o cansaço que comumente me assolava, dessa vez com o mesmo motivo específico de ter ficado acordada a noite inteira. Por uma boa causa, ao menos. Nunca pensei que aprenderia tanta coisa em tão pouco tempo. Chegando ao quarto que dividia com ninguém menos que minha melhor amiga, que parecia não gostar da ideia já que a mesma havia passado uns bons minutos me dizendo que não deveria ir para a "parte dela do quarto". Assim, tirei a toalha da cabeça e usei-a para secar o cabelo, penteando levemente e em seguida usando um produto que Nifa me disse que seria para "deixar o cabelo bonito", era um creme, me pergunto onde ela conseguiu isso; cheirava a lavanda, percebi que ela o usava também, já que era um cheiro característico. Segui para fora do quarto e fui em direção ao refeitório, não sentia muita fome mas sabia que se não fosse, Nifa me comeria viva como um titã raivoso.

            Procurei a menina em meio às poucas pessoas sentadas a uma mesa grande no meio de um cômodo relativamente escuro, a única iluminação vinha de uma lâmpada próximo a mesa; pude observar algumas pessoas ali presente, Moblit estava lá, apenas distraído enquanto ainda comia. Nifa me viu entrar no local, ela se afastou um pouco para o lado, provavelmente estava me esperando chegar até lá. Andei, com a cabeça baixa até o lugar, sentei-me e assim, Nifa me entregou um prato de comida.
- Você guardou isso pra mim? - Questionei sua atitude.

- Você ia ficar sem, pensei que estaria com fome. - Ela disse, baixo o suficiente para que apenas eu a ouvisse.

- Não estou, mas agradeço sua atitude suspeita. - Respondi, sorrindo sinceramente para a menina. Assim prossegui para comer, comendo apenas metade do que estava em meu prato, não sentia fome há um bom tempo. Para evitar desperdício, pensei em guardar isso para comer em outro horário, até que um outro pensamento veio à minha mente: o gato. Não encontraria outra forma de alimentá-lo então pensei em começar a dividir minhas refeições com ele. Sem ninguém saber, claro. Esperei alguns instantes até que todos se dispersassem de novo, levantei-me e andei novamente até a porta do lugar, com o prato em minhas mãos, antes que qualquer um pudesse questionar, consegui desaparecer dali. Chegando ao lado de fora do local, nos fundos, procurei pelo felino por um tempo, fazendo barulhos específicos e olhando para cima das árvores. Ouvi um barulho nos galhos de uma árvore que estava atrás de mim, me virei apenas para ver o felino descer graciosamente da mesma; pude ouvi-lo miar e andar em minha direção. Assim, coloquei a comida no chão e o mesmo se alimentou. - Que bom que você está vivo, não sei porque pensei que você não escaparia. - Voltei a questionar os acontecimentos novamente, enquanto ouvia o barulho do gato mastigando e emitindo um ruído estranho que apenas gatos faziam. Passei um certo tempo ali, enquanto ele comia, apenas sentia novamente a brisa que sempre me recebia com um abraço confortante.

Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora