Capítulo trinta e um

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Mais uma luz
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Minhas noites se tornaram ainda mais escuras. Atormentava-me quase toda hora; lastimava tanto que era difícil lidar com meus próprios ruídos; até chegar a perder a consciência. Naquele lugar que parecia uma enfermaria, finalmente recebi algum cuidado em relação aos machucados que tinha. Mais tarde descobri que além da dor e do trauma, não havia sido nada demais. Além de todo esse tempo experienciando aquela dor familiar. Ominosa dor, corriqueira, que sempre se instalava em minha garganta, fazendo com que fosse impossível até mesmo falar. Sempre que fechava meus olhos para dormir, a coisa que conseguia visualizar era a única luminosidade que minha vida tinha. E vinha de um sorriso. Mas agora, aparentemente, é tudo parte do passado.

Difícil sim era acreditar que nunca mais veria o que era meu por quase direito; o meu verdadeiro amor. Apenas reforçava minha teoria de tudo que chegava perto de mim, padecia sem outra opção. Tudo que era bom era tirado de mim. Arrancado e torturado. E com tudo que pude experienciar de bom na vida, com absoluta certeza não seria diferente.

Durante algumas vezes eu acordava em meio a um breu sem dimensão, achando que estava ouvindo coisas; entrando em mais de um devaneio. Achava que ouvia sua doce voz a cada segundo doloroso que passava de minha existência... Às vezes até mesmo sentia o afago de um abraço que nunca mais terei a oportunidade de vivenciar novamente. Não conseguia pensar em nada que pudesse me salvar. Às vezes ficava tão triste que meu cérebro me dissipava, ainda em um estado de consciência. Era difícil prestar atenção em qualquer coisa, era como se clamasse por socorro mas ninguém ouvia. A morte me caia bem naquele momento. Talvez assim eu iria para perto de quem gostaria. Talvez tenha sido um erro ter me arriscado tanto por amar tanto. Um erro certeiro era que eu estava ali ainda.

Sua nova casa é bonita também, né? Você tá aí arrumando tudo e esperando para que eu chegue, né? Mesmo sabendo que não tendo titãs perto de você, certamente você logo estaria entediada. Acho que as pessoas não saberiam lidar bem com o quanto você tagarela, mas eu consigo. Por isso, mesmo que tenha sido assim, ainda acho que seu lugar é onde você está feliz. Ou talvez esteja sendo egoísta, pois o meu lugar feliz é com você e ficar longe de você é uma das piores dores que já experienciei, sobressalente a qualquer dor física. Quando te ver de novo quero te contar de todas as coisas que vivemos juntas, como um livro de romance brega. Quando te ver de novo, vou te abraçar de novo, como se fosse a primeira ou a última vez. Desde de que soube da mera existência dos astros e descobri também sobre estrelas cadentes; estrelas cadentes não voltam, né? Se voltassem, eu pediria para viver as mesmas coisas que vivi com você. Mesmo que tenha esse final, mesmo que soubesse que teria esse final. A nossa história ainda é algo que gostaria de ler e viver ou até mesmo contar. Assim percebi que meu lugar era ao seu lado...

No fim eu só queria segurar sua mão. É minha vez sentir medo. Outra vez. Dessa vez sem você aqui.

Há realmente coisas que podemos ter, mas não podemos manter. Entendo isso mais do que nunca nesse exato instante.

Lutei tanto para no fim do dia não poder ouvir sua risada... Nunca mais poderia ouvir sua voz. Não podia compartilhar outro luto com você.

Pensei que morreria antes de você mas, você quebrou a promessa primeiro.

Você havia conseguido tanto, tirou minha tristeza de contexto. E sem querer, depois, esse contexto me foi enfiado goela abaixo.

Eu sabia que você seria tirada de mim.

Eu te odeio por isso. Te odeio por insistir tanto em uma situação que com certeza acabaria assim. No começo você tinha razão...

Eu fui uma perda de tempo.

Sinfonia de batalha - Hange Zoë x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora