Vingativa

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Na minha cabeça as vozes do Théo e da Blayr são exatamente como as dessa música e só a minha opinião importa.
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                            Blayr/ 38

Acordei no dia seguinte um pouco mais tarde que o normal com a cabeça latejando um pouco por conta de todo o surto de ontem, saí da cama e tomei um banho quente, daqueles que relaxa até o músculo do dedo mindinho, lavei o cabelo e saí do banho, comecei a desembaraça-lo e me peguei analisando meu pescoço no espelho, bem onde Théo tinha me beijado ontem, fiquei com raiva dele no mesmo instante e saí andando banheiro a fora, quem ele pensa que é para ficar brincando com a minha cara? Isso não vai ficar assim, não mesmo, comecei a procurar nas gavetas um vestido específico, se eu iria dar o troco naquele idiota convencido eu estaria linda, completamente irresistível.

Vinte minutos depois e eu estava pronta, meu cabelo preso em rabo de cavalo bem no alto da cabeça, argolas em ouro tintilavam nas minhas orelhas, maquiagem impecável, um batom vermelho vivo brilhava na minha boca, saltos finos também vermelho nos pés e ele protagonizando toda essa produção, meu vestido era preto e ia até o pé, de cetim brilhante, alcinhas e uma grande fenda na coxa esquerda, eu parecia uma deusa, uma deusa da vingança.

Liguei para Cris que já estava no castelo junto do irmão e pedi para ele mandar o motorista me buscar, com a desculpa que não queria ficar andando por aí com o frio que estava fazendo, ele concordou e poucos minutos depois o carro negro de Théo parou na frente da casa. Passei perfume, peguei uma echarpe e desci as escadas, o motorista já me esperava na entrada me secando discretamente.

- Bom dia, princesa Blayr. - Ele falou enquanto pegava minha mão e me guiava até o carro.

- Bom dia, Iam. - Falei casualmente, Iam era um homem forte de pele negra e tatuada, olhos castanho- escuro, barba por fazer e boca rosada, aparentemente na casa dos trinta e sem aliança nos dedos. Já tínhamos sido apresentados brevemente mas nunca trocamos mais de uma dúzia de palavras.

- Alguma festa que eu não saiba no castelo hoje? - Ele perguntou rindo.

- Não, mas uma futura rainha tem que parecer imponente, não acha? - Ele fechou minha porta e entrou no carro.

- Se seu objetivo era parecer imponente, você conseguiu, princesa. - Sorri em resposta e o carro começou a andar.

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Cheguei no castelo menos de dez minutos depois, saí do carro com ajuda de Iam e caminhei lentamente até a entrada, olhares vinham de toda parte, sorrisos e catuques circulavam entre os soldados em guarda mas não olhei para os lados, mantive a postura ereta e usei a cara de modelo determinada que minha mãe me ensinou a força assim que comecei a tomar consciência dos meus atos, porque segundo ela com o olhar e a postura certos eu poderia colocar qualquer pessoa aos meus pés, não tinha como esse conselho se encaixar mais em uma situação a não ser essa.

Passei reto pelo salão e fui direto ao corredor do escritório, mas assim que me aproximei vi dois homens desconhecidos usando ternos e fazendo guarda da porta, nunca tinha visto ninguém ali, o máximo de proteção que eu já tinha visto foram guardas do nosso próprio castelo passando no início do corredor, nada como hoje. Assim que um deles me viu deu dois toques na porta que logo foram respondidos por um "deixa entrar" abafado.

Assim que eu entrei pude perceber três coisas fora do meu plano de entrada triunfal. Um cara desconhecido falando com os irmãos, Théo nem olhando na minha cara por estar totalmente imerso na conversa e uma mesa circular e esquisita ocupando metade do escritório.

A última filha de LilithOnde histórias criam vida. Descubra agora