Bestas do apocalipse

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Blayr/22

Acordei no dia seguinte onze da manhã com uma meu telefone tocando, desbloqueei a tela e vi ser Katrina. Conversamos por alguns minutos e levei inúmeros esporros por "estar bancando a secretária não remunerada" e por não estar treinando meu corpo e muito menos minha magia, fosse ela qual fosse.

Me arrumei e fui para a cozinha onde Cristian estava comendo, para a surpresa de zero pessoas enquanto algumas empregadas trabalhavam.

- Bom dia, Cris.

- Bom dia, Blayr. Você tá bem?

- Por que não estaria?

- Você e meu irmão saíram ontem de noite e não vi vocês chegarem, fora que você não parecia bem.

Fiquei curiosa sobre como ele sabia disso, ele estava dormindo como uma pedra na sala quando saímos. - Você não estava dormindo?

Cris soltou uma risada nasalada. - Nada passa despercebido por mim, eu sempre vejo e ouço tudo.

- É um tipo de poder?

- Um dos meus muitos, se chama projeção astral, quando vocês saíram eu segui vocês.

- Obrigada pela privacidade. - Disse ironicamente.

- Fiquei preocupado com meu irmão, você só está aqui a uma semana, não confio em você.

- Não te julgo, faria o mesmo se estivesse no seu lugar, parece que são só vocês dois contra o mundo.

Cristian respirou fundo, como se dizer aquilo causasse dor. - Ele só tem a mim, e eu só tenho a ele, estamos assim a muito tempo.

- Sinto muito. Um silêncio ensurdecedor preencheu a cozinha então mudei de assunto.

- Posso te pedir um favor?

- Dependendo do que for, sim.

- Preciso de ajuda para treinar, e também preciso descobrir mais sobre minha magia.

- Posso te ajudar com os dois, se quiser.

- É bom com magia?

Cris riu em escárnio e me olhou. - Ironico seu pai não falar de mim, afinal foi ele quem apelidou a mim e ao meu irmão de "bestas do apocalipse".

- Meu pai não faria isso.

- Não ligo para o que sabe do rei bruxo e não ligo para o apelido, eu e meu irmão poderíamos matá-lo em um piscar de olhos se quiséssemos.

Engoli em seco só de imaginar a possibilidade, os irmãos Reed eram muito poderosos e eu sabia disso, mas não tinha a mínima noção da extenção do poder de nenhum dos dois, e "bestas do apocalipse" não parecia ser o apelido dado a uma pessoa fraca.

- Vai me ajudar ou não? - Disse por fim.

- Me encontre a noite, na arena dos soldados, não gosto de treinar de dia. - Disse já saindo enquanto eu debatia comigo mesma se era uma boa hora para falar que não sabia onde ficava a arena dos soldados.

Antes de Cristian fosse embora o telefone dele tocou e o mesmo logo atendeu, não descobri sobre o que falavam nem com quem falava, as únicas frases soltas foram um palavrão nada cavalheiro e "estou a caminho, me deixe ver". Ossos meus que eu nem mesma lembrava que tinha congelaram com a frase, eu não tinha ideia do que se tratava e pela cara do mais novo, era claro que não era nada bom.

- O que está acontecendo, Cris, o que está acontecendo?

O mais novo me ignorou completamente e esticou a mão para me manter longe, ele olhou pro chão e seus olhos foram do verde amarronzado habitual para o mais límpido tom de verde do irmão, ele continuava encarando o chão e fazendo expressões de puro terror quando se apoiou na parede e os olhos voltaram a cor normal.

- O que está acontecendo, onde está o Théo e o que caralhos acabou de acontecer?

- Não tenho tempo para te dar respostas.

Cristian subiu as escadas correndo enquanto ligava para outra pessoa e gritava ordens enquanto eu o seguia, chegamos no quarto do mais novo e o mesmo colocou o telefone em viva-voz enquanto procurava algo nas gavetas.

- Reúna todos os guardas que estiverem disponíveis e prepare a bruxa! - Vociferou do outro lado do quarto enquanto ainda remechia as gavetas.

Uma voz quente e melódica soou pelo telefone. - Eu não posso Cristian, não posso fazer isso! - A garota também gritava, a voz ofegante como se estivesse correndo.

- Não seja por isso, acabou de ser promovida a conselheira de confiança do reino, - Uma pausa se deu, Cristian olhou para mim e voltou a gritar para o telefone. - Você está no comando até voltarmos, Vivian , mantenha tudo sob controle. - A garota desligou a chamada e Cristian puxou um pedaço de couro enrolado do meio das roupas junto com o que parecia ser um uniforme de guerra.

Saí do quarto enquanto o mais novo se trocava, parada no corredor completamente paralisada eu me imaginava todas as possibilidades do que poderia estar acontecendo. O mais novo abriu a porta como um estrondo, estava vestido com roupas justas ao corpo, a blusa cobria totalmente os braços o tecido se assemelhava a escamas negras que com a luz ganhavam um tom de vermelho sangue, calças e cuturno pretos iguais aos dos guardas do castelo e o cabelo preso em rabo de cavalo.

- Não saia da cidade e nem pense em vir atrás de nós. - Disse sem me olhar enquanto prendia facas e adagas por todo o corpo.

- Acredito que não seja um pedido.

- Não, não é!

Cristian passou por mim como um furacão e desceu as escadas correndo, quando fui atrás o mesmo já tinha saído da casa, fiquei chocada com a rapidez que ele sumiu.

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Quatro horas se passaram e eu ainda estava em pânico, andando de um lado para o outro e roendo as unhas, pensei em ligar várias vezes mas eu mais atrapalharia que ajudaria, só mandei uma mensagem para o mais velho dizendo "quando ver me ligue" e voltei a andar em círculos. Quando o relógio bateu marcando quatro da tarde desisti de esperar e fui até o palácio, decidida a ter respostas. Cruzei os portões correndo e parei a primeira pessoa que vi.

- Oi, eu preciso achar uma pessoa, o nome dela é Vivian, sabe onde ela está? - A mulher apontou para a entrada e fui em direção a ela.

- Você é Vivian? - Perguntei a figura de costas andando de um lado a outro enquanto olhava e balançava o telefone igualmente ansiosa.

Uma esguia e curvilínea mulher se virou na minha direção, o longo cabelo de leves cachos ruivos alaranjados balançando com o movimento até que ela estivesse totalmente de frente para mim. Sua pele era clara mas levemente bronzeada, seu rosto era fino e anguloso, os lábios carnudos contrastavam com as secas bochechas,e os olhos âmbar analisavam cada parte de mim como se tentasse se lembrar de quem eu era. A ruiva usava um vestido caramelo escuro longo que exaltava a fina cintura e cobria o busto avantajado. Uma linda mejera, foi a impressão que tive da ruiva que me olhava de cima mesmo tendo a minha altura.

- Sou sim, e eu não te conheço.

- Sou Blayr Ahmed, estou morando com Théo e Cristian por uns tempos.

A ruiva ergueu uma sobrancelha e disse mais para si mesma que para mim. - A garota que fica trancada com eles no escritório.

- Isso!

- O que quer comigo,... Blayr?

- Respostas, quero saber onde eles foram. - A ruiva levantou a sobrancelha novamente. - Cristian me disse para vir até você. - Menti.

A ruiva respirou fundo e disse por fim.

- Théo estava no reino bruxo quando o castelo foi atacado por demônios liderados por uma general, aparentemente está um caos lá e Théo foi gravemente ferido. É tudo que sei.

A última filha de LilithOnde histórias criam vida. Descubra agora