Meu precioso Natal

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                                                                                  Blayr/ 57


Saímos do salão de treinamento mais cedo do que eu imaginava, Cris alegou que era uma bruta que o tinha machucado e que ele não iria passar por isso uma segunda vez no mesmo dia então voltamos para o castelo assim que ele já conseguia se manter em pé sem se escorar em mim.

Enquanto nós caminhávamos pelas ruas geladas de Izalins, Cris - que estava completamente em silêncio e me encarando feio - parou e me chamou calmamente. - Blayr?

- Oi. - Respondi me virando, ele me encarava tenso, o maxilar trincado e os olhos perdidos.

- Acha...que ele pode acabar te encontrando? - Aquela pergunta...talvez eu estivesse tentando não fazê-la a mim mesma desde que saí de Malaz, a verdade era que eu sabia que não conseguiria fugir a minha vida inteira, ainda mais agora que sei que tenho uma vida imortal exatamente como a dele. Desde o dia que fomos as ruínas do castelo bruxo e me senti vigiada tenho quase certeza de que ele sabe onde estou, se ele viu Cris e Théo comigo naquele dia explicaria o porque James apareceu na porta do castelo como representante da corte infernal, aquilo com certeza era uma mensagem eu tinha completa consciência de que um dia ele cansaria de brincar de gato e rato e viria me dar um ultimato, só tinha esperança que até lá eu já saiba me defender sozinha, tanto com magia quanto com as próprias mãos se preciso.

- Na verdade acho que ele já me achou, só não sabe como me tirar daqui ainda. - Murmurei quase em silêncio, o vento forte de inverno levando minha voz para muito longe dalí, Cris continuou calado então presumi que ele não tivesse ouvido, na verdade agradeci por aquilo. - Não sei, espero que se acontecer pelo menos demore. - Falei alto dessa vez e ele balançou a cabeça confirmando. - Vai sentir minha falta se um dia eu acabar sendo sequestrada? - Perguntei mudando de assunto.

- Você sabe que sim, quando te conheci achei que te odiaria mas a verdade é que você é muito mais do que aparenta ser. - Ouvi-lo falar assim era incrível, Cris era o único amigo que eu tinha nesse mundo novo, se não fosse por ele eu me sentiria sozinha a maior parte do tempo.

A caminhada de volta ao castelo foi tranquila, a brisa gélida congelava nossos narizes e o barulho das ondas quebrando ao longe fazia parecer que o mundo tinha parado, tudo parecia muito em paz, era um dia tranquilo.

- Chegou cedo! - A voz de Théo me encontrou assim que entrei no meu quarto do castelo.

- O que está fazendo aqui? Ainda mais quando não estou? - Não pude evitar perguntar.

- Estava te esperando, vim te propor uma viagem.

- Qual? - Respondi e fui até minha cama onde ele estava confortavelmente deitado com os braços atrás da cabeça e os sapatos sujando meus lençóis.

- Um passarinho me contou que você anda um pouco triste, que provavelmente sente falta da sua família. - Um passarinho... com certeza era Diana, ela não era a a única a m ver sozinha ontem mas e é a única que sabe o motivo para eu estar lá aquela hora.

- Posso apostar que o passarinho tem cabelo rosa e um anel de sinete igual ao seu. - Provoquei e ele riu.

- Merda, ela pediu para eu guardar segredo, por favor finja que não sabe. - Tinha um tom zombeteiro e sarcástico naquela frase, ele sabia que nada aconteceria se ela descobrisse mas queria manter sua palavra com a provável amiga.

- Tudo bem, eu não sei de nada. - Brinquei pondo os braços para cima e então um silêncio frio tomou conta da sala. - Não precisa se preocupar com isso, de verdade, eu estou bem! - Estar bem, eu repetia tanto aquilo que chegava a ser preocupante, pessoas que realmente estão bem não precisam dizer que estão bem toda hora. Théo me encarou por alguns segundos e então se levantou da cama, a passos largos e rápidos ele parou de frente para mim, os olhos esmeralda quase acizentados, os fios negros do cabelo soltos e espalhados pela testa.

A última filha de LilithOnde histórias criam vida. Descubra agora