O Jardim de Borboletas

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Blayr/ 48

A luz tinha invadido o quarto esta manhã, a primeira parte do dia foi extremamente corrida com as idas e vindas pela cidade, eu tinha ido ao casarão logo cedo para tomar banho e trocar de roupas com calma, quando Théo me ligou no meio do banho pedindo que eu me apresasse porque o dia seria cheio e avisando Iquíshia e as irmãs tinham chegado mais cedo no castelo para os ajustes finais nas roupas, resumindo, eu não parei desde que acordei.

- Cheguei. - Anunciei assim que passei pelas portas da sala naturalmente iluminada que usamos para a medição.

- Até que chegou rápido. - Cris disse de cima de um banquinho vestindo um terno preto bem ajustado, cheio de alfinetes nas mangas e bainhs da calça, um desenho que não consegui distinguir fora riscado em giz branco nas costas do paletó. Anne me deu um aceno rápido e logo voltou a sumir atrás dele, sua pele negra parecia brilhar mesmo sem sol e seu cabelo azul que antes era um algodão- doce agora estava completamente contido em um coque acima da cabeça, somente alguns cachinhos caiam em sua testa agora.

- Não penteei nem lavei meu cabelo por medo de me atrasar. - Apontei para o ninho desgrenhado na minha cabeça com ironia e Cris riu feito uma criança.

- Porque está parecendo um pirralho que acabou de comprar sorvete? - Perguntei enquanto deixava minha bolsa em cima de uma das cadeiras e começava a desabotoar meu casaco.

O sorriso dele pareceu se alargar quando citei sua animação exagerada. - Sabe aquela mulher que encontramos na rua, aquela com o garotinho?

- Uhum, Lexie? Não é?

- Sim! Trombei com ela no salão principal hoje e ela disse que vem nas festas de Yule, em todas as noites. - Cris parecia tão feliz que se ele começasse a dar pulinhos eu não estranharia.

- Por isso que você parece ter encontrado um duende? - Perguntei incrédula.

- Eu não pareço ter encontrado um duende! - Cris rebateu cruzando os braços e acabou ganhando um tapa de Anne por ter se mexido.

- Quem parece ter encontrado um duende? - Théo perguntou, aparecendo atrás de mim como mágica.

- Seu irmão, ele tá sorrindo tanto que até minhas bochechas estão doendo. - Falei e logo me afastei dele, sentia que ele podia a qualquer momento comentar da noite passada ou me puxar para a conversa que ele queria ontem.

- Eca, você tá parecendo o Coringa. - Ele falou e Cris logo fechou a cara.

Minha mente foi diretamente para a cueca de Théo na noite passada e não consegui segurar minha língua quando sussurrei. - É para combinar com o Batman. - Assim que percebi o que tinha falado tampei a boca e comecei a rir. Quando voltei a olhar para os dois Théo estava de cara fechada me encarando e Cris estava confuso tentando entender do que eu estava falando. O mais novo abriu a boca mas foi interrompido por Iquíshia me chamando do fundo da sala.

- Oi, me chamou? - Perguntei assim que fui até ela, ela estava sentada de costas para mim prendendo precisamente um alfinete no que parecia uma manga aveludada.

Assentindo ela apontou para um canto da sala com cabides. - Vá para lá e tire a roupa, assim que acabar Anía vai vestir você.

- Tudo bem. - Fiz o que ela mandou, pendurando minhas roupas e ficando sentada só de roupa íntima em uma cadeira provavelmente roubada da sala de jantar. Anía chegou com um sorriso alegre e pediu gentilmente para que eu fechasse os olhos, porque segundo ela eu teria uma reação melhor se só o visse já no corpo. Com os olhos fechados me senti até um pouco vulnerável enquanto sentia os dedos macios da garota me auxiliarem a entrar no vestido e me levar até onde os meninos estavam. - Pode abrir. - Ela sussurrou perto do meu rosto e eu obedeci.

A última filha de LilithOnde histórias criam vida. Descubra agora