Capítulo 25: Se eu fosse eu

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_____Marisa Orth_____

O almoço foi tranquilo, depois de comer fui ao quarto me instalar e a mammy veio atrás enquanto eu colocava algumas roupas no armário para facilitar conversamos sobre a novela que ela estava fazendo e como ela iria conciliar os dois trabalhos, quando ela conta dos 3 dias assinados para gravar o filme eu fico em choque, mas entendo ela, novela é mesmo muito exaustivo, me lembro exatamente como é, deixei a Francesca a pouquíssimo tempo, ma donna mia, alguns vícios de linguagem permanecem por um tempo. Ficamos um bom tempo jogando conversa fora.

- Mas e o João, como ele está, a tanto tempo não vejo esse menino.- diz ela enquanto vamos para o sofá..

- ah ele está bem, está fazendo faculdade de cinema, quer seguir os passos do pai.- ela sorri.

- ele não quis os holofotes como a mãe.- eu rio com a observação.- ele ficou em São Paulo?

-É não... ele ta com o pai, resolveu passar uma temporada com o Evandro.- meu semblante se entristece.

- o que houve entre vocês Marisa?- diz ela soando o mais fofa possível mas não conseguiu esconder sua "revolta" pois já suspeitava o motivo de ele ter saído de casa.

- logo que eu e o Miguel brigamos...- ela me interrompeu.

- você voltou com o Dalua.- ela cruzou os braços já havia pegado tudo.- e pra começar vocês não brigaram, vocês surtaram e pararam de se falar, não estou defendendo nenhum dos lados antes que pense, e não precisa continuar, ele ficou indignado com a sua atitude e deve ter te dito coisas que você não queria ouvir.- eu apenas concordava.- e por isso foi ficar com o pai, por que não queria te ver de volta naquela vida, que você mesma já deixou bem claro  que não era feliz.

Eu apenas respiro fundo, e mais uma vez, ela não tem o direito de falar assim da minha vida, da MINHA VIDA, eu me levanto e deixo ela na sala sozinha, vou ate o quarto e começo a recolocar as coisas na mala, eu não aguento essa pressão. 

Aracy aparece na porta do quarto e me vê colocando as roupas, vai até a cama e começa a desfazer minha mala com o que eu colocava ela tirava, ate que eu perco a paciência.

- CHEGA! eu não vou ficar aqui ouvindo desaforo, chega Aracy, eu estou cansada, sobrecarregada, tem meu filho, meu marido, um filme pra gravar, um amor mal resolvido que me persegue até nos meus sonhos, onde eu vou ele esta, eu paro pra ler o texto e esta lá o nome estampado na capa TEXTO POR MIGUEL FALABELLA, por que, por que? Eu já chorei tanto.- meus olhos enchem de lágrimas.- meu filho me julgou, você está me julgando, eu não aguento, acho que até a Marcinha lá do alem ta me julgando por tudo isso, e aqueles malditos olhos azuis me julgam nos meus sonhos, todo santo dia, tem dias que eu acordo no meio da noite e vou chorar no banheiro, sabe por que? porque eu sonho com ele me beijando, ele me amando, e quando eu acordo ele não está lá, nessas horas eu lembro que ele estava amando aquela mulher, aquela, na cama onde ele chamava de nossa, eu não aguento AHHHHHHHH...-Aracy me da um tapa na cara, eu paro e fico encarando sem reação, porque ela fez isso, o tapa não doeu muito, foi leve, mas foi algo que eu jamais esperaria dela.

Eu me sentei na cama sem chão, ela fez a volta na cama parando na minha frente segura nos meus ombros, com a voz calma e leve que só ela tem.

- Meu amor me desculpa o tapa.- pôe a mão no meu rosto, onde foi atingido.- você estava tendo um surto, estava gritando e fora da realidade, eu só consegui pensar nisso para te acalmar, ou ao menos te parar.- fecho os olhos e tento controlar minha respiração e ela continua.- você ouviu o que falava, ou você só despejou tudo?

Eu não respondo, não tenho argumentos, não tenho mais o que dizer, essa pergunta "você ouviu o que falava?" me desestabilizou ainda mais que o tapa, um amor mal resolvido, eu disse um amor, não um relacionamento, eu disse amor, amor é isso, por isso minha cabeça só pensando nele, meu corpo pede por ele, o toque dele, nas noites que meu marido tenta algo mais e eu deixo eu fecho os olhos e ele me persegue, ele me beija, mas eu tento esquecer, tento esconder meus pensamentos, beijar um e sentir o outro, meus meses estão sendo assim.

Nunca terminouOnde histórias criam vida. Descubra agora