Capítulo 11

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Eu amo o Miguel...

É difícil de acreditar mas é verdade, gente o homem que está ao meu lado a tantos anos, sempre esteve, nossa relação nunca se mediu a um rótulo, somente teve muito amor envolvido, mas eu sempre neguei que esse amor era romântico, eu queria acreditar que esse amor era fraternal, mas existem momentos que não dá pra negar eu neguei de mais, sempre estimei a presença dele, qualquer oportunidade estávamos juntos, nossas mãos pareciam ter um ímã sempre ligando, as fotos sempre com os braços dados ou os dedos enlaçados, abraços que o carinho era palpável, mas nunca era só carinho que envolvia a gente, o hábito de um lembrar do outro em entrevistas, e entalnecer sempre.

Sempre foi assim desde nosso primeiro trabalho, que pra mim já foi uma honra trabalhar com Miguel Falabella em 1991, algemas do ódio nós algemaram por toda a vida, a liberdade sempre provisória, porque o destino fazia questão de nós prender de novo, e assim em 1996 ele nos casou como Caco e Magda, tentou divorciar em 2007 a Rita e o Mário Jorge, mas sempre juntos ficamos, em 2013 o Caco e a Magda voltaram, e 2014 o destino trouxe o Dr. Arnaldo e a Mirtes em mais um casamento louco.

Porém antes de tudo sempre o Miguel estava comigo, antes de cada personagem eu estava com ele, sempre, em encontros do acaso em peças de amigos, todos os lugares e eu neguei que o destino sempre juntava a gente.

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(Miguel Falabella)

Ela falou... 

Ela falou, não mediu palavras, eu nunca amei sozinho, mas o medo de estragar tudo sempre segurava a gente, em um súbito momento, tudo é jogado aos ventos, para quem quisesse ouvir. 

Agora depois de toda a confusão, ela está aqui com um olhar distante, com a cabeça sobre meu ombro e as pernas no meu colo, sinto de leve sua mão começar a fazer carinhos circulares sobre meu peito, eu a abraço e sinto-a se aconchegar, minha mão vai para sua coxa exposta, e lá faço os mesmos carinhos circulares,  ela está imersa nos pensamentos, quando passo a mão por baixo das pernas dela e a puxo para meu colo ela leva um susto, e eu rio de leve e ela ri de volta. 

- o que você está fazendo?- diz ela se arrumando no meu colo, com medo de cair. 

- ué vou te levar para o quarto, para você tomar um banho, e refletir sobre a vida linda e cheirosa- cheirei seu pescoço, e deixei um beijo lá.- mas eu preciso que você levante, não quero cometer o mesmo erro de calculo que cometi com a Aracy no sai de baixo, eu te carrego mas levantar com você no colo e difícil. (risos) - ela sorriu contendo a risada e levantou segurando a minha mão. 

- sem colo, me abraça- levantei e o fiz ela ficou parada me segurando firme, mas não era um abraço igual ao que demos no closet quando encontrei ela aos prantos no chão a dois dias, era um toque como um conectar de almas, um abraço que fazia de nos dois um só, algo muito mais íntimo que a noite sórdida que compartilhamos, algo mais íntimo que qualquer toque, somente se ouvia as respirações calmas no silencio, nada precisava ser dito, palavras eram desnecessárias. 

Quando nos soltamos, ainda sem dizer nada somente um sorriso que não cabia em nossos lábios, vamos até o quarto, os cacos estão ainda todos espalhados.

- vai lá toma um banho, eu não saio daqui.- disse e ela assente.

Eu não aguento e vejo ela se despir antes de entrar no box, mas logo volto ao foco, pego uma vassoura, os estilhaços grandes a maria já havia recolhido.

Termino e coloco a pá em um canto para não ter problemas, entro no banheiro que está com a porta entre aberta para lavar as mãos e a vejo pelo vidro embaçado lavar os cabelos toda a água escorrendo pelo seu corpo cheio de curvas, mas não vou fazer nada, eu vou dar o espaço que ela merece.

Volto para o quarto já limpo e me deito na cama quando ela sai do banheiro somente de toalha com os cabelos molhados.

- vai lá tomar um banho também se quiser.- ela engatinhou na cama e selou nossos lábios brevemente.

- eu vou.- sorri tirei o blazer e coloquei sobre a cadeira da penteadeira, deixei meus sapatos junto.- aproveite o quarto, agora limpo e sem pontas (risos).

Ela apenas riu e eu entrei no banheiro, me despi e fui, precisava mesmo de um banho, só que gelado, porque depois de ver ela nesse banheiro se tocando mesmo que sem malícia foi uma perdição.

Ligo o chuveiro com a água quente me embarga e eu esqueço tudo ao redor e só a Marisa me vem a cabeça, ela nua com o corpo molhado o cheiro de shampoo invade o ambiente, como um espasmo eu abro os olhos e sinto meus lábios serem capturados, minhas mãos ganham vida própria e tudo se faz presente, a luxúria e o almejo de estar perto a água caindo faz aquilo parecer ainda mais preazeroso.

Ela estava ali tão entregue quanto eu, o beijo desesperado mas sem perder a paixão, tudo está tão único que essa seria uma tatuagem que eu carregaria eternamente tatuada na minha memória, as mãos dela passeiam e me levam a beira de um penhasco de prazer, a um passo da insanidade a prenso contra a parede gelada entre seus lábios escapa um gemido de puro deleite do momento, qualquer palavra perdeu o sentido quando nossos corpos se conectaram, levantei sua perna na altura do meu quadril e os movimentos eram lentos, sem pressa, o mundo errava as rotações diante do nosso prazer.

No súbito auge do prazer chegamos juntos e alcançar isso com amor é único, aquela tarde sem dizer foi um selar de compromisso, várias vidas nossas eram já são casadas e nesse momento nossas almas se casaram e nada nem ninguém pode separar o que foi unido.

Ela se senta no banco do box e fica me olhando calma e serena, um sorriso leve, a satisfação está estampada, ela estende as mãos na minha direção e eu seguro, dessa maneira ela me olha no fundo dos olhos.

- Miguel... -ela respira fundo- eu te amo muito.

Eu só sei sorrir e fico de joelhos a sua frente.

- Marisa, eu também te amo muito.

Ela sorri franzindo o nariz,  solta minhas mãos e segura meu rosto selando nossa declaração com um beijo que conseguiu carregar tudo que nos rodeava, amor.

Nunca terminouOnde histórias criam vida. Descubra agora