_____Marisa Orth_____
Sai do banho, enrolada na toalha, pego a camisola, mas me sento na cama com ela em mãos, eu não fiz tudo que precisava fazer, não hoje não, chega de assuntos inacabados, deixo a peça na cama e pego uma calça jeans e uma regata, penteio os cabelos, mas deixo do jeito que estão, eles vão ondular se eu não fizer uma escova, mas não estou com tempo, nem paciência para isso, saio em passos rápidos pela sala, Aracy que está sentada lá me olha confusa.
- Vai sair, minha querida? - Diz ela se levantando e vindo até mim, eu já não tenho consciência dos meus atos, eu preciso terminar os assuntos que ainda martelam na minha cabeça.
- Vou mammy. - Dou um meio sorriso para ela. -Não me espere. -Me viro para sair, mas paro com a mão no trinco da porta, boto a mão no bolso e pego o celular, respiro fundo e volto a ela. -Fica com isso pra mim? -Entrego para ela que segura e me olha confusa. -Se tocar, não precisa atender, só se for o João, mas qualquer outro, pode deixar tocar, ou melhor. -Pego e coloco no silencioso. - Assim nem vai ver, o João não me liga a mais de um mês. - Riso fraco, ela somente concorda com a cabeça, me viro para sair.
- Se eu precisar falar com você ligo para lá. - Ela diz calma me olhando com ternura, apenas sorrio, ela me conhece melhor que eu.
Saio e na beira da rua antes que eu desista aceno para um taxi, que para, entro e dou o destino, as luzes da orla batem no vidro, queria saber se o que eu estava fazendo era o certo, mas a já não importa, o que importa é que preciso falar, preciso falar, por tudo para fora, queria procurar ele em outras pessoas, mas não encontro, preciso dizer isso, preciso. Mas não sei se ele vai me ouvir, que inversão de papeis, se ele estiver com companhia? Será, eu devo voltar? Não, eu não vou voltar, eu já neguei demais.
O carro para em frente ao condomínio.
- Dona Marisa, é necessário dizer qual a casa para que eu diga aqui. - Ele me olha pelo retrovisor.
- Pode dizer, que quero ir na casa do Miguel Falabella, 328, Marisa Orth. - Ele concorda e fala com o porteiro, que logo abre o portão, passamos pelas mansões, uma a uma, até parar na que me era conhecida, acerto com rapaz. Vejo a porta da frente ele está lá, parado, de roupão.
- Oi. -Dou um meio sorriso, e me aproximo. -Desculpa o horário, eu deveria ter avisado, está ocupado? - Vejo seu peito nu pela fenda do roupão.
- Não, não estava fazendo nada. - Ele dá um passo para trás de me cede passagem, entro, agora sim não tem mais como voltar atrás. -Aconteceu alguma coisa? - Se ele soubesse tudo que aconteceu na minha cabeça.
- Sim e não, eu quero conversar... Mais. - Sorrio amarelo.
- Tudo bem. - Ele põe a mão no bolso da peça. - Vamos nos sentar, mas antes eu vou me vestir, não é de bom tom conversar como estou. - Ele riu e eu olhei para o roupão que com o peso das mãos no bolso, abriu mais revelando a possível ausência de roupas.
- Você estava tomando banho? - ruborizei, estava sendo desagradável.
- Não eu tomei banho a uma hora, logo que cheguei, para tirar a areia. - Riu fraco. - Só não me vesti ainda.
- Ata, eu espero, vai lá, nem se preocupa. - Ele aponta para o sofá e vou para o móvel esperando-o voltar.
_____Miguel Falabella_____
Saio da sala, ok, ela está aqui, por que? Marisa para de me confundir, aquele olhar na hora em que nos despedimos, por uma força sobrenatural que me segurou para não roubar os lábios dela naquele momento, ela com os cabelos molhados, igual a meses, na minha casa, só não está chovendo igual a aquele dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nunca terminou
RomanceA vida é um ciclo, a minha não é diferente mas tudo pode mudar mas o homem que nubla meus pensamentos sempre é o mesmo, anos de parceira resumido uma amizade que passou por altos e baixos e cores e tons de cinza, mas ele nunca saiu do meu lado. Alto...