Capítulo 3

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Eu ligo para a portaria avisando que o Miguel viria e resolvo ao menos lavar o rosto e por uma roupa, já que desde que o Dalua foi em bora eu não tive a capacidade de me vestir.

Chego lá e vejo o closet vazio, as lágrimas tomam meus olhos novamente e tudo cai sobre a minha cabeça, como o Dalua foi capaz de me abandonar eu choro, choro tanto, pensando em tudo, tudo que nos passamos mas todas nossas brigas também passam, sempre o mesmo motivo o mesmo sobrenome e as lágrimas escorrerem sem previsão de parar, me levanto rápido e perco o equilíbrio e caio sentada no chão tudo roda e lembro que não jantei, mais uma coisa que preciso fazer, mas minha cabeça demora para parar.

Escuto batidas na porta do closet olho devagar um olhar preocupado olhava escorado no batente.

- Marisa, posso entrar? - diz ele vendo como eu estava.

- Claro que pode querido- ele vai devagar e se senta ao meu lado no chão, ele leva a mão até meu rosto segurando meu queixo com leveza fazendo com que eu olhasse para ele.

- Você sozinha nesse apartamento, de toalha, chorando em um closet metade vazio, Marisa oque aconteceu entre você e o Dalua?- ele falava sério mas ao mesmo tempo doce, me acolhendo com as palavras.

- você e seu lado observador. - dou uma risada sem graça.

- não precisa ser observador pra saber que estava chorando, seus olhos não mentem, esse é o nosso dom nós conversamos pelo olhar, eu sei quando tem algo de errado com você e você sabe quando tem algo comigo, e é assim a 25 anos.- ele sorria para mim, e estendeu os braços, eu não tive outro pensamento a não ser abraça-lo e ficamos no chão do closet até eu acalmar meu choro.

- você tá um pouco melhor? - asenti com a cabeça sem solta-lo. - então vamos fazer assim vem.- ele se soltou de mim e levantou estendendo as mãos eu fui me arrumar para levantar segurando suas mãos quando ele abaixa e me pega no colo e eu não tenho outra opção a não ser rir, ele me coloca na minha cama e se afasta sem falar nada vai até o closet e começa a mexer nas gavetas. Volta com  uma lingerie simples e uma calça de moletom e uma camiseta branca.- por mais que seu corpo seja escultural não pega bem uma dama nua pela casa.- ele estendeu as roupas para mim como um garçom com uma bandeja. - te espero na sala.- ele saiu me deixando sozinha lá sorrindo com o ato bobo que acabou de fazer.

Me visto lavo o rosto e vou para a sala e lá está ele com uma garrafa de água sobre a mesa de centro.

- olha já está bem melhor.- ele sorria leve, senta aqui e fala oque aconteceu se estiver disposta a contar se não eu fico aqui pra te fazer companhia se você não se sentir incomodada claro.- ele foi para o lado me dando espaço para que eu sentasse ao seu lado.

- eu quero que fique, por favor.- sorri leve.

- você sabe que eu não iria mesmo que você falasse pra eu ir embora com a desculpa "ain quero ficar sozinha" se você vai ficar sozinha eu também fico sozinho aqui bem ao seu lado. - cruzou os braços e olhou para frente com um olhar superior fazendo bico.

- ai Miguel só você mesmo- eu ri com a manha dele.- so você pra me fazer rir quando quero entrar no fundo do poço.- meu sorriso se desfez e meu olhar ficou vazio.

- eu quero ajudar mas só vou saber como se você me falar o que houve. - ele se aproximou e segurou minhas mãos e lágrimas finas voltaram a escorrer.

- não chora você sabe que eu nunca aguentei ver você chorar. - ele passou o dedão limpando meu rosto.

- eu vou te contar.- seus olhos ficaram atentos mas acolhedores.- eu e o Dalua brigamos hoje e ao que me parece foi definitivo.

Nunca terminouOnde histórias criam vida. Descubra agora