Capítulo 13

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Estou encostada de costas para porta olhando para o teto, que voltas que o mundo da, eu estou namorando com Miguel Falabella, tá ai uma coisa que eu não esperava, quase 30 anos e agora foi acontecer, mas como diz o ditado ''tudo tem seu tempo'', e realmente, tudo que tivemos que passar, o ombro amigo que ele me deu quando me separei do Evandro depois da traição, tantos colos que ele me deu no camarim de Agora que são elas, sorte que ele tinha o camarim exclusivo dele, porque as vezes eu tinha uns momentos de carência, que sem querer ficavam meio quentes, se é que posso assim dizer.

''Abril de 2003, Rio de Janeiro"

Estamos no meio da gravação das cenas do dia 30 de abril e estou meio aérea quando os pensamentos são mais fortes que e a realidade e eu me lembro de 3 semanas atrás.

"Depois de um dia estressante de gravações, houveram tantos problemas naquele dia que o núcleo que eu iria fazer a externa foi dispensado mais cedo, chego em casa para tentar relaxar, escuto um barulho vindo do final do corredor, do meu quarto especificamente.

Me aproximo e percebo que não pode ser o João porque ele ainda está na creche e o Evandro disse que iria trabalhar e pediu pra ligar somente se tivesse um problema realmente grave pois não queria ser interrompido.

Escuto um bater na parede e suspiros, nada nunca foi tão óbvio, mas não posso tomar decisões precipitadas, eu respirei fundo e olhei pela fechadura que para a minha sorte estava sem a chave, vejo cabelos loiros espalhados pela minha cama e roupas por todo quarto, aquilo que eu achava que era meu não era exclusivo.

Saio de casa e não sei como cheguei no projac em segurança, eu não vi o caminho só vi quando cheguei e estacionei na minha vaga, minha visão está turva pelas lágrimas, eu encosto a cabeça no voltante e choro sem previsão de parar, o projac é o único lugar que eu posso chamar de casa nesse momento."

Sou tirada desse devaneio pelo Miguel que me toca no ombro, estávamos deitados na cama da Van van e do Juca em uma cena de muito romance e safadeza.

Ele olha em meus olhos que já estavam cheios de lágrimas e fala em alto som.

- uma pausa por favor- só se levantou da cama e me estendeu a mão, e eu que estava somente com um top tomara que caia e calcinha, fui com ele e pegamos os roupões.

- vamos para o meu camarim, lá ninguém vai incomodar ai você pode falar o que quiser.- apenas concordei, quando um dos estagiários chega correndo na gente.

- desculpe, mas o diretor pediu para avisar que ele vai fazer um intervalo de 2 horas, para toda a equipe lanchar e descansar um pouco.

- obrigada rapaz, estaremos aqui no fim do intervalo, prontos para gravar né Marisa?!- disse sorrindo para mim, sorri leve de voltamos o rumo para o camarim dele.

Chegamos eu só me joguei no sofá e comecei a chorar, ele ficou parado na porta olhando, sem falar nada, eu e o Miguel somos tão íntimos a anos que ele já viu todas as minhas faces e sabia que naquele momento eu precisava somente de silêncio.

Escuto ele trancar a porta, se aproximar  do móvel que eu estava deitada de brusos e sentar no chão, começou a acarinhar meus cabelos me passando o apoio que eu precisava, minutos passaram até que o choro compulsivo se torna soluços e finas lágrimas, eu levantei o rosto e logo busquei aquele par de olhos azuis que já me encaravam em expetativa com um sorriso acolhedor.

- tá mais calma bem? - disse deixando um beijo minha testa e um carinho no lugar.

- é... Mais ou menos, mas não adianta chorar pelo chifre lustrado.- sorri pela minha própria desgraça, e ele me policiou com o olhar.

Nunca terminouOnde histórias criam vida. Descubra agora