_____Miguel Falabella_____
Acordo na manhã seguinte, passo a mão pelo lado da cama, sobre os lençóis vazios, mas o cheiro deles não me deixa acreditar que foi só um sonho, me recuso a abrir os olhos e constatar o obvio, mas se faz necessário, logo um bilhete com uma caligrafia preguiçosa, aquela de quem acabou de acordar, está sobre a mesinha de cabeceira, sobre alguns dos vários livros, a luta agora é encontrar meus óculos para conseguir ler.
Finalmente encontro e pego o papel.
"É você disse e eu não acreditei, os cacos de coração jogados no colchão, rolamos em cima, nos cortamos, mas só vi os meus machucados quando acordei e te vi dormindo ao meu lado, não quis te machucar também por isso fui embora.
Nos vemos na segunda... Caco.
Beijos Marisa/ Sua Magda."
É não tenho nada a perder, tudo que eu tinha levantou e foi embora hoje, tudo ficou aqui nesses lençóis, como saber qual sentimento ela usou para escrever essas palavras, ela é tão direta e tão subjetiva, só queria ver ela aqui, ver ela acordar, ela não queria me machucar mas não ter ela aqui me cortou mais que a ultima noite.
Não importa quanto tempo conversemos, quantas palavras forem ditas, as horas que passamos imersos em um universo que só existe quando nossos pensamentos voam, mas esse momento acaba, quando o sol virá? Ele pode ter vindo, se esse for o sol, me espalho no colchão, nosso passatempo sempre foi amar, a tempestade passa e nós voltaremos, estaremos entre o céu e o mar como estávamos ontem, vamos sentir a brisa que somos um para o outro, sem culpa, a noite de ontem para mim é sem culpa.
entre nós existe uma imensidão de lembranças, um céu de coisas boas, um mar de risadas, vamos viver isso, é o que importa, temos isso e vamos viver isso.
ela não ficou aqui para me dar o selinho e o sorriso, mas no lugar dela faria o mesmo, poderia chamar ela para almoçar no nosso restaurante, o que vínhamos sempre quando gravávamos aqui no rio... melhor não, não agora, nossa história não termina tão cedo, mas é a quebra de capítulo, é hora de esperar para colocar a letra capitular e iniciar.
Me levanto da cama e vou para o banheiro tomar um banho tentar pensar em algo que não sejam aqueles cabelos castanhos, mas não resolve nada fugir, amanhã é segunda feira, dia de encarar a minha Magda, aquele sorriso apaixonado e inocente, rio sozinho pensando no texto, pensando no Lucinho e no tom vestidos de mulher, poderíamos marcar um almoço do elenco hoje, se eu mandar mensagem agora acho quo todos conseguem vir, eu não vi eles reunidos ainda.
Eles são meu arco-íris, minha tempestade passou, e o sol vai iluminar o largo do Arouche até Foz do Iguaçu, vamos entregar o que o publico espera, a risada leve, as situações bobas, tudo que fizemos e fazemos com tanto amor, voltar no tempo é impossível, mas podemos superar, secar as lágrimas, e sorrir de novo.
Vivemos nas estrelas, mas amar é para sempre, não importa o que aconteça, amar é a imensidão.
Saio do banho e seco meus cabelos loiros me olhando no espelho, é hora de acordar, viver, e retomar o tempo perdido, hoje almoçaremos todos juntos.
Pego o celular antes mesmo de me vestir e abro o grupo entre os atores principais "arouche" rio pelo nome, foi o tom que escolheu, até parece um grupo da família.
-Bom dia gente, eu queria chamar vocês para almoçar, um almoço pré-trabalhos, para juntar nossa família, o que acham? - envio e deixo o celular na cama e vou me trocar, quando retorno vejo 7 mensagens.
"nossa seu Caco, avisa mais em cima da hora, meu jegue a jato não chega tão rápido - tom sempre grudado no celular é o primeiro a responder"
"ai primo Caco pode ter certeza que eu e o banqueta iremos. - Lucinho entra na brincadeira do Tom."
"só vou se você pagar, aqui farroupilha que vou te bancar caco. - saudades de ver o Tatá, ele está se cuidando, mas está melhorando."
"claro seu Caco, mas tenho uma cliente antes do almoço- diz a Cacau."
"eu vou sim seu caco pode deixar. - Katiuscia se pronuncia."
"quem é você desclassificada. -Cacau gostou da personagem"
"Caco Antibes quem você assaltou para bancar almoço? eu vou e vou levar minha filhinha, sem golpe. -diz Aracy."
A Marisa vai, mas porque ela não respondeu? Tudo bem, se todos entraram eu vou entrar também.
- Calada Cabeção, eu investi em ações dinamarquesas e louras e obtive resultados e eu como estou muito carinhoso de você eu vou cobrar só o dobro da conta.
...
Marisa está digitando...
"AMOOOOORRRRRRRR COMO ASSIM VOSE CABE NESSA TELINHA???"
Rio do erro... e dela, minha Magda.
- Você é com C Magda!!!
"Não você é com C caco, eu sou com M de Magda"
Ela está rápida.
"CALA BOCA MAGDA"
Todos começam a reagir com risadas, emogis e uma avalanche de kkkkkkkkkkkk, estamos completos, somos nós de novo.
Marco o local e todos confirmam deixo o celular na cama e vou tomar café e a Ana está com o rádio ligado baixo na cozinha, em pleno domingo de manhã musicas "antigas" toca baixo uma que me é muito conhecida, minha amiga Ivete com sua voz marcante, embala a manhã ensolarada com sua chuva que passou, tudo que eu pensei desde que acordei, essa musica de mais de cinco anos me resume hoje, só isso me resta o sol, o sol no Rio de janeiro, com amigos e risadas em um belíssimo restaurante a beira mar, uma rodada de petiscos de camarão com um chopp como nos velhos tempos, nas nossas noites paulistas, mas trocávamos o camarão por file de carne vermelha e cerveja de litrão, saiamos do Procópio para os bares da augusta, sentávamos na calçada as pessoas que frequentavam o ambiente se acostumaram de nos ver lá que nem se importavam mais em ver, Miguel Falabella, Marisa Orth, Tom Cavalcante e Márcia Cabrita em uma calçada em uma quarta feira a noite, Aracy aparecia na calçada mas não se sentava, pois estava com sua taça de vinho em mãos sempre uma dama.
Ana me vê sorrindo e me questiona, digo que e essa musica me trouxe uma lembrança feliz, ela sorri e me serve o café e já a dispenso, o resto do dia de folga, já que vou almoçar fora e para jantar vou incomodar a Ingrid, ela pode me receber, ri pensando nela ficando indignada com a minha surpresa.
É hoje o dia é de sol... a chuva passou.
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Nunca terminou
RomanceA vida é um ciclo, a minha não é diferente mas tudo pode mudar mas o homem que nubla meus pensamentos sempre é o mesmo, anos de parceira resumido uma amizade que passou por altos e baixos e cores e tons de cinza, mas ele nunca saiu do meu lado. Alto...